“Algumas linhas estão paradas no Montijo e, na Venda do Pinheiro, as linhas do enchimento estão todas paradas”, avançou Marcos Rebocho, dirigente do Sindicato Nacional dos Trabalhadores dos Setores Alimentar Bebidas, Agricultura, Aquicultura, Pesca e Serviços Relacionados (Stiac), em declarações à agência Lusa.
Segundo este dirigente sindical, na unidade do Montijo do grupo Montalva, onde laboram cerca de 150 trabalhadores, a adesão à greve ronda os 70%, enquanto na fábrica da Venda do Pinheiro, que emprega três dezenas de pessoas, oscilará entre os 60 a 70%.
Os trabalhadores reclamam um “salário mínimo na empresa de 910 euros em janeiro de 2024”, aumentos salariais “dignos”, a “negociação de um contrato coletivo para o setor das carnes”, um acordo de empresa, a “atualização do subsídio de alimentação para sete euros diários” e horários semanais de 35 horas.
Além disso, reivindicam o “gozo do feriado de Carnaval”, o fim da precariedade, a progressão na carreira, o “gozo do dia de aniversário do trabalhador ou de filho até 12 anos”, 25 dias de férias para todos, diuturnidades, melhores condições de trabalho e a negociação do caderno reivindicativo.
Contactada pela agência Lusa, fonte oficial do grupo Montalva afirmou que “a greve é um direito consagrado na Constituição, o qual não pode ser recusado mesmo quando não existem fundamentos para o efeito, como é o caso”.
“O Carnaval é considerado pela lei um dia normal de trabalho desde 2012, sendo que a empresa se limita a cumprir a lei em vigor. Aliás, o mesmo acontece com os restantes temas, pois a empresa cumpre integralmente todas as leis aplicáveis bem como zela para que todos as cumpram, inclusive os seus colaboradores”, sustentou.
A concentração marcada para esta manhã frente à fábrica do Montijo juntou, segundo o Stiac, “cerca de 80 trabalhadores”, que dizem ter tentado, sem sucesso, entregar em mãos à administração a moção aprovada com todas as reivindicações.
“A administração respondeu para a portaria que não nos recebia, mas para deixarmos lá a moção”, afirmou Marcos Robocho, lamentando que esta indisponibilidade se mantenha “há já dois anos”.
O dirigente do Stiac diz que os trabalhadores da Izidoro irão agora “aguardar por outros trabalhadores do setor das carnes, que têm o mesmo problema da contratação coletiva”, para avançarem com outras formas de luta “mais abrangentes”, desde novas greves a manifestações.
“Eventualmente, faremos uma concentração à porta da associação patronal APIC [Associação Portuguesa dos Industriais de Carnes], com quem tivermos uma reunião a semana passada no Ministério do Trabalho e que se recusa a negociar o Contrato Coletivo de Trabalho [CCT]”, avançou.
Segundo Marcos Robocho, desde que o CCT do setor caducou, em 2016, que “empresas como a Izidoro têm retirado direitos, como o feriado de Carnaval”.
Em setembro do ano passado, uma greve no setor das carnes, na qual também participaram os trabalhadores da Izidoro, registou uma adesão de 80%, disse à Lusa, nessa altura, Marcos Rebocho, do sindicato.
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