A psicóloga Rute Agulhas salientou que “mais de 30 vítimas deram já o seu consentimento informado para prosseguir com a informação para as autoridades competentes para posterior procedimento canónico e civil”, como as comissões diocesanas e os institutos religiosos, mas também a Procuradoria-Geral da República (PGR), com exceção dos casos em que o suspeito morreu ou foi alvo de investigação.
Destacando os contactos recebidos como um “sinal claro de confiança” no Grupo VITA e apelando para que mais vítimas procurem ajuda, Rute Agulhas adiantou ainda que há cerca de 20 vítimas de violência sexual que estão a ser encaminhadas para apoio psicológico e psiquiátrico junto dos profissionais que integram a bolsa de especialistas constituída pelo grupo e que já receberam formação inicial.
“Esta formação vai repetir-se em duas datas distintas, já no próximo mês de setembro. Posteriormente, estes profissionais irão beneficiar de formação aprofundada e de supervisão clínica”, acrescentou a coordenadora, que referiu igualmente que outros pedidos de ajuda recebidos - mas que não se enquadram na intervenção do Grupo VITA - foram encaminhados para outras entidades competentes.
O Grupo VITA pode ser contactado através da linha de atendimento telefónico (91 509 0000) ou do formulário para sinalizações, já disponível no site.
Criado em abril, no âmbito da Conferência Episcopal Portuguesa, assume-se como uma estrutura isenta, autónoma e independente e visa acolher, escutar, acompanhar e prevenir as situações de violência sexual de crianças e adultos vulneráveis no contexto da Igreja Católica, numa lógica de intervenção sistémica.
O Grupo VITA surgiu na sequência do trabalho da Comissão Independente para o Estudo dos Abusos Sexuais de Crianças na Igreja Católica, liderada pelo pedopsiquiatra Pedro Strecht, que, ao longo de quase um ano, validou 512 testemunhos de casos ocorridos entre 1950 e 2022, apontando, por extrapolação, para um número mínimo de 4.815 vítimas.
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