Num comunicado enviado à imprensa, o porta-voz de Guterres, Stephane Dujarric, frisou que os ataques mortais se têm intensificado em Al Fashir, capital do Darfur do Norte, apenas duas semanas após um ataque aos campos de deslocados de Zamzam e Abu Shouk - atingidos igualmente pela fome -, que resultaram na morte de centenas de civis, incluindo de trabalhadores humanitários.

Al Fashir está sitiada pelas paramilitares Forças de Apoio Rápido (RSF, na sigla em inglês), lideradas pelo general Mohamed Hamdan Daglo, que estão em guerra há dois anos contra o exército do general Abdel Fattah al-Burhan.

A estimativa da ONU é que mais de 400.000 pessoas terão sido forçadas a fugir apenas do campo de Zamzam no início deste mês, uma situação que deixou Guterres “profundamente preocupado”, especialmente depois dos relatos de assédio, intimidação e detenção arbitrária de pessoas deslocadas em postos de controlo, disse Dujarric.

Apesar da contínua insegurança e da grave escassez de financiamento, a ONU e parceiros humanitários continuam a tentar aumentar urgentemente o apoio de emergência na zona de Tawila, no Darfur do Norte, que alberga a maioria dos deslocados de Zamzam.

O secretário-geral sublinhou que a escala das necessidades é avassaladora, com relatos de pessoas desesperadas — principalmente mulheres e crianças — a atravessar a fronteira para o Chade em busca de segurança e assistência.

Além disso, a violência contra civis também continua noutras partes do Sudão, com relatos de assassínios em massa em Omdurman, no estado de Cartum, nos últimos dias, de acordo com a ONU.

Com o conflito agora no seu terceiro ano e a desestabilizar cada vez mais a região, Guterres reiterou o seu apelo para a facilitação do acesso humanitário seguro e irrestrito a todas as áreas em necessidade, assim como para a proteção dos civis.

“Os autores de violações graves devem ser responsabilizados”, frisou Guterres.

O líder das Nações Unidas renovou ainda o seu apelo para o cessar imediato das hostilidades e instou a comunidade internacional a agir com urgência para ajudar a pôr fim “ao sofrimento e à destruição implacáveis” no Sudão.

A guerra no Sudão, que começou em 15 de abril de 2023, já matou dezenas de milhares de pessoas e forçou mais de 12,5 milhões a fugir das suas casas.