“As longas sombras do colonialismo, da escravatura e da extração descontrolada de recursos ainda hoje se mantêm”, destacou o diplomata português, num discurso no salão do Conselho Económico e Social das Nações Unidas (ECOSOC), localizado em Nova Iorque.
Guterres elogiou ainda a liderança do Uganda na presidência de 2024 do grupo já conhecido como G77 e China, e felicitou o Iraque – membro fundador há mais de 60 anos – por ter assumido a liderança para este ano.
O G77 foi criado por 77 países em 1964 para promover os interesses económicos coletivos do chamado Sul Global.
O grupo tem atualmente 134 membros, incluindo a China, que não é considerada membro de pleno direito.
Após a adoção do Pacto para o Futuro, do Pacto Digital Global e da Declaração sobre as Gerações Futuras na última Semana de Alto Nível da ONU, em setembro, o secretário-geral continuou a sublinhar a necessidade de dar maior peso à visão dos países em desenvolvimento dentro do multilateralismo.
“Esta visão é essencial para o propósito e papel do vosso grupo (G77)”, frisou Guterres, que os definiu como os “defensores da igualdade, da erradicação da pobreza e dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável”.
O português acrescentou que “representam a promessa de que os países se podem unir para remodelar um sistema multilateral que sirva todas as pessoas e todos os países”.
E concluiu: “Simbolizam o reconhecimento global de que, durante muito tempo e de muitas maneiras, os países em desenvolvimento foram tratados injustamente.”
António Guterres aproveitou também a oportunidade para lembrar que o mundo vive “num período de conflitos e violência devastadores”, de catástrofes climáticas mortais e onde os avanços tecnológicos “estão à frente da capacidade de os gerir para o bem da humanidade”.
Entre as soluções que sugeriu para este ano, também dentro dos 77, apontou a necessidade de bancos multilaterais que permitam financiamentos mais acessíveis aos países em desenvolvimento, um compromisso mais forte com a ação climática preventiva e um modelo de comércio aberto que permita ao Sul Global tirar partido das cadeias de valor globais.
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