Numa mensagem para assinalar o Dia Mundial da Língua Portuguesa, Guterres sublinhou que num contexto global marcado por crises múltiplas e interconectadas, as línguas são um veículo indispensável de entendimento e de esperança, mas também “um lugar de resistência contra quem pretende disseminar o ódio, a exclusão, a violência, o extremismo, a misoginia e a discriminação”.
“A língua é, muitas vezes, o refúgio e a esperança dos mais vulneráveis — a esperança de serem ouvidos, de que as suas vozes contem, de não serem ‘deixados para trás’. A língua portuguesa é, também nisso, um bom exemplo, sendo partilhada e construída por populações em todos os continentes”, disse o ex-primeiro-ministro português.
Como exemplo do caráter promotor de entendimentos e de conciliação da língua portuguesa, Guterres referiu a Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP), que “dá corpo a esse espírito, promovendo a cooperação e a solidariedade entre os seus nove Estados-membros”.
“Para os mais de 260 milhões de falantes nos países da CPLP e nas suas diásporas, a língua portuguesa continua a ser uma língua de mobilização em favor de uma renovada urgência na implementação dos Objetivos do Desenvolvimento Sustentável. Precisamos de reafirmar esse empenho e essa esperança, em todas as línguas — e precisamos de passar das palavras aos atos”, defendeu o líder da ONU.
Guterres concluiu a sua mensagem citando Amílcar Cabral, um político da Guiné-Bissau e de Cabo Verde, ao apelar por um maior compromisso com a paz e segurança, com o desenvolvimento e com os direitos humanos, com base nos princípios comuns das Nações Unidas.
“Só assim conseguiremos habitar, como almejava Amílcar Cabral — e cito — ‘Num Mundo de todos, sem Mal e sem danos'”, disse Guterres.
Em 2019, a 40.ª sessão da Conferência Geral da UNESCO (Organização das Nações Unidas para a Educação, Ciência e Cultura) decidiu proclamar 5 de maio como Dia Mundial da Língua Portuguesa.
A língua portuguesa não só é uma das línguas mais difundidas no mundo, com mais de 260 milhões de falantes espalhados por todos os continentes, como é também a língua mais falada no hemisfério sul, segundo dados da UNESCO.
Angola, Brasil, Cabo Verde, Guiné-Bissau, Guiné Equatorial, Moçambique, Portugal, São Tomé e Príncipe e Timor-Leste são os nove Estados-membros da CPLP.
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