Em declarações à agência Lusa, a investigadora, porta-voz do grupo, que integra o Okeanos – Centro de Investigação e Desenvolvimento da Universidade dos Açores, refere que o guia “foi concebido de forma mais direta para os pescadores dos Açores que pescam com palangre de fundo e linha de mão”, sendo o objetivo “ajudar na identificação das espécies”.
Outra da metas da publicação é “sensibilizar para a diversidade das espécies” de tubarões, bem como “despertar a curiosidade” sobre esta espécie, cuja pesca é proibida, acontecendo, contudo, capturas “de forma acidental, com alguma frequência”.
Com a produção do guia, pretendeu-se também “ter mais informação sobre a captura” destes tubarões, visando apurar se a sua população “é sustentável e não está em risco”.
Além de ajudar a comunidade científica, Laurence Fauconnet aponta que o guia pretende divulgar junto da opinião pública a “diversidade de espécies de tubarão que existem nos Açores”, onde "já foram capturados dois indivíduos que eram desconhecidos no mundo”.
De acordo com a especialista, as espécies que predominam no mar dos Açores são o tubarão gata lixa, uma espécie “bem conhecida dos pescadores”, o tubarão lixinhas-de-fundura, que apresenta três variedades na região, a par do tubarão sapatas, onde existem duas variedades brancas e uma preta, bem como os tubarões xara-brancas e carochos.
Para os profissionais do Centro Okeanos, que lançou o guia em colaboração com o Observatório do Mar dos Açores, esta será uma "importante ferramenta de auxílio para a identificação destes animais”.
Inclui “também informação sobre a sua ecologia e como melhorar a sua sobrevivência após captura acidental, com recomendações de boas práticas de manuseamento”.
O guia apresenta ainda “factos curiosos e singulares de cada uma destas espécies, baseando-se no mais recente conhecimento científico”.
A equipa espera também “contribuir para a consciencialização de todos da necessidade de conservar os tubarões de profundidade e os seus habitats, e “despertar a curiosidade sobre estes fascinantes animais, sobre os quais existe ainda um grande desconhecimento".
Literalmente nadar com os tubarões
Com o crescimento do turismo, os Açores têm vindo a ser procurados para efetuar mergulho com tubarões, sendo o arquipélago “um dos poucos locais do mundo onde é possível nadar com um dos peixes mais rápidos dos oceanos: o tubarão Azul”.
O mergulho com tubarões azuis é possível em várias ilhas do arquipélago, mas o local mais visitado e berço desta atividade é o monte submarino Condor, localizado a cerca de 10 milhas do Faial e acessível a partir desta ilha e da ilha do Pico.
Em 2019, a organização 'Sharkproject' enviou uma carta ao presidente do Governo, Vasco Cordeiro, a sublinhar que se observa “uma evolução inquietante nos Açores e nas suas águas territoriais (e 200 milhas da sua Zona Económica Exclusiva)" de pesca ilegal.
A organização, apoiada pela Associação de Operadores Marítimos dos Açores (AOMA), entende que no ecossistema do Atlântico, os Açores “têm uma importância fundamental para a natureza e os seus seres vivos, tanto debaixo como acima da água”.
Defende-se que a conservação deste "singular ecossistema central" é "uma tarefa crucial para a humanidade" e a sua destruição "pode ter consequências graves para os seres humanos, não só nos Açores”.
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