A Academia de Cinema norte-americana diz que o conselho votou "bem acima da maioria de dois terços exigida" para expulsar Harvey Weinstein. Esta medida não tem precedentes no que diz respeito a casos como este.
"Não só nos distanciamos de alguém que não merece o respeito dos seus colegas como enviamos uma mensagem para que termine a era de ignorância deliberada e vergonhosa cumplicidade numa conduta sexual depredadora na nossa indústria".
O Conselho de Governadores da Academia norte-americana de Cinema e Ciências Cinematográficas reuniu-se hoje de emergência para discutir a situação do produtor Harvey Weinstein, sobre quem se têm acumulado acusações de assédio e agressão sexual.
Esta decisão sucede as condenações públicas do comportamento de Weinstein por parte de múltiplas personalidades do mundo cinematográfico, como as atrizes Meryl Streep, Kate Winslet, Judi Dench e Jennifer Lawrence, que colaboraram profissionalmente com o fundador da produtora e distribuidora Weinstein, registando grande reconhecimento nas suas carreiras.
Segundo um artigo de investigação do jornal The New York Times, as queixas de assédio sexual remontam à década de 1990, sendo que Jolie e Paltrow foram as atrizes mais recentes a confirmarem episódios de um comportamento dúbio, por parte do produtor galardoado com um Óscar pela produção de "A Paixão de Shakespeare" (1998).
Segundo a agência noticiosa Associated Press, ambas admitiram à publicação internacional The Times que Weinstein as teria assediado, levando Jolie a recusar trabalhar com o influente produtor desde a sua participação no filme "Entre Estranhos e Amantes", de 1998.
Três outras mulheres, incluindo a atriz italiana Asia Argento, terão acusado Weinstein de as violar, num artigo colocado 'online' pela revista norte-americana The New Yorker. Contudo, um representante do magnata negou com veemência as alegações, num comunicado dirigido à revista.
Enquanto a ex-candidata à presidência dos Estados Unidos Hillary Clinton se manifestou via Twitter ao afirmar que "o comportamento [de Weinstein] descrito por estas mulheres não pode ser tolerado", Michelle e Barack Obama optaram por lançar um comunicado onde sublinharam que "qualquer homem que diminua as mulheres desta forma precisa de ser condenado e tido em conta, independentemente da riqueza e estatuto [dos acusados] (...) É necessário construir uma cultura (...) que torne tais comportamentos menos predominantes no futuro", conclui o casal.
A mulher de Weinstein, Georgina Chapman, confirmou hoje à revista People que vai deixar o produtor, classificando como indesculpáveis as ações do marido, ao mesmo tempo que pede privacidade para si e para os dois filhos que tem com Weinstein.
O produtor e a fundadora de marca de luxo Marchesa conheceram-se em 2004 e estão casados desde 2007.
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