Heloísa Apolónia referia-se à intervenção de sexta-feira no parlamento do ministro das Infraestruturas e Habitação, Pedro Nuno Santos, que quis “endereçar um pedido de desculpas às pessoas cujo dia a dia é afetado pelas supressões e atrasos” dos comboios, mas que também se verificam noutros meios de transporte.
A líder parlamentar do PEV antecipou assim a interpelação do seu partido ao Governo, marcada para esta quarta-feira, na Assembleia da República, sobre “combate às alterações climáticas – a importância do setor dos transportes”
O debate terá uma duração de cerca de duas horas e meia e contará com a presença do ministro do Ambiente e da Transição Energética, João Pedro Matos Fernandes, confirmou à Lusa fonte do executivo.
“Não basta o Governo ir à Assembleia da República pedir desculpa aos cidadãos porque os cidadãos não promovem a sua mobilidade com pedidos de desculpa, mas sim com, efetivamente, investimento concreto”, disse.
A deputada ecologista declarou que “o setor dos transportes [em geral] representa cerca de 25% do total de emissões de gases com efeito de estufa em Portugal”, algo “bastante significativo”, tornando-se “um setor de peso nestas emissões e, portanto”, será “fundamental intervir de forma estratégica, no sentido da diminuição de gases, em concreto na responsabilidade do CO2, dióxido de carbono”.
“Há muitas coisas que ainda estão por responder e que Os Verdes querem ver respondidas no dia de amanhã [quarta-feira] porque levamos muito a sério esta componente de intervenção que é de fiscalização do Governo, confrontá-lo com as suas responsabilidades, e é por isso que vamos pedir inúmeras respostas no âmbito desta questão dos transportes e mobilidade para que as coisas melhorem e os cidadãos obtenham as respostas de que precisam”, afirmou.
A parlamentar do PEV destacou a prioridade e o esforço dos ecologistas, “ao longo da legislatura” e “de Orçamento do Estado em Orçamento do Estado” para a redução dos preços dos passes e a sua transformação em passes únicos intermodais, a fim de motivar os cidadãos a “largarem o transporte individual e optarem pelo transporte coletivo”.
Heloísa Apolónia criticou a “lógica do abandono e encerramento de linhas” na ferrovia “que faziam falta”, além da falta de aquisição de “carruagens novas” e a existência de “material circulante bastante envelhecido”, bem como o adiamento de “inúmeras obras de modernização de linhas ferroviárias, como as do Oeste e do Alentejo e a falha “na contratação de pessoal necessário para a manutenção”.
Em relação ao transporte fluvial do rio Tejo, a líder parlamentar de Os Verdes salientou a “carência de pessoal e no número de navios disponíveis que deem resposta à necessidade de horários e de mobilidade das populações”.
A deputada ecologista lamentou ainda as “falhas muitíssimo graves” na resposta dos transportes públicos com vista à “mobilização das pessoas para a utilização dos transportes coletivos nos movimentos pendulares – casa-trabalho-casa”, as quais “decorrem do desinvestimento de sucessivos governos”.
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