Em causa estão os horários do lote que envolve os concelhos de Arouca, Santa Maria da Feira, São João da Madeira, Oliveira de Azeméis e Vale de Cambra, no distrito de Aveiro, que foram publicados no início da operação, mas foram retirados poucos dias depois e desde então nunca mais republicados.
Na sexta-feira, vários autarcas da AMP, especialmente os abrangidos pelo lote 5 da rede de autocarros Unir, ameaçaram com procedimentos contratuais e até jurídicos contra os operadores que, passados quatro meses, continuavam sem publicar horários.
"Nós estamos a levar a cabo todas as diligências junto da empresa para que isso aconteça, mas há um tempo para tudo, e teremos efetivamente de chegar a um ponto, a muito breve trecho, em que serão aplicadas as medidas contratuais e judiciais necessárias para resolver esta situação de imediato", disse Jorge Sequeira, vice-presidente da AMP.
Questionado qual será o momento para a AMP agir, o autarca disse não poder precisar "exatamente qual o dia e a hora".
"Mas, de facto, estamos a chegar mesmo ao limite e terá de ser muito rápido e muito breve. Eu sei que nós temos contactos, as câmaras com a AMP, mesmo aos fins de semana e feriados há contactos e diligências, mas o que podemos dizer é que esse momento está próximo", disse aos jornalistas no final da reunião do Conselho Metropolitano do Porto de sexta-feira, que reúne os 17 municípios da região.
Jorge Sequeira afirmou que os autarcas têm sido tolerantes por compreenderem que a rede Unir "é uma operação de grande envergadura e de grande escala, porque envolve uma grande mobilização de meios humanos e de meios materiais, e que há um período normal de adaptação", mas "há questões às quais não estão a ser dadas respostas".
"É bizarro que uma operação de transportes públicos decorra sem que as pessoas conheçam os horários e as frequências desses mesmos transportes", considerou, reconhecendo que "os cidadãos que se queixam têm toda a razão em queixar-se".
Também o novo presidente da câmara de Santa Maria da Feira, Amadeu Albergaria, disse aos jornalistas que "começa a chegar um momento em que tem de se executar o contrato de concessão".
Na reunião de autarcas, afirmou que quatro meses depois do início da operação "esgotam-se todas as possibilidades de razoabilidade de pedir paciência às populações", e que a certa altura "vai ter de tomar uma posição".
"É um contrato de concessão, há obrigações que têm de ser cumpridas e há execuções a fazer se a empresa não cumprir", afirmou, garantindo que, se nada se resolver, a AMP terá de "tomar outro tipo de atitudes do ponto de vista jurídico".
No mesmo lote, o presidente da Câmara de Vale de Cambra, José Pinheiro, disse que a Unir "criou uma expectativa grande na opinião pública", mas resultou em "reclamações, descontentamento, desconhecimento".
A rede Unir começou a operar em toda a AMP no feriado de 01 de dezembro de 2023, tendo o seu primeiro 'teste de fogo' na segunda-feira seguinte, 04 de dezembro.
A nova rede de 439 linhas e nova imagem substituiu os cerca de 30 antigos operadores privados rodoviários na AMP, e os primeiros meses de operação foram alvo de muitas críticas em toda a região.
No lote Norte Nascente (Santo Tirso/Valongo/Paredes/Gondomar) opera a Nex Continental Holdings, no Norte Poente (Póvoa de Varzim/Vila do Conde), a Porto Mobilidade, no Sul Nascente (Santa Maria da Feira/São João da Madeira/Arouca/Oliveira de Azeméis/Vale de Cambra) a Xerbus, no Sul Poente (Vila Nova de Gaia e Espinho) a Transportes Beira Rio e no Norte Centro (Maia/Matosinhos/Trofa) a Vianorbus.
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