“Atendendo ao facto de não ser possível garantir o número mínimo de médicos especialistas de cirurgia geral para o atendimento de urgência, foi necessário solicitar o desvio dos doentes provenientes de urgência externa, mantendo-se somente o atendimento aos doentes das urgências internas”, lê-se num esclarecimento enviado à agência Lusa por fonte hospitalar.
Indica-se, também, que aquela situação se deve à “recusa dos médicos em fazer mais horas extraordinárias além do máximo previsto por lei, ou seja, 150 horas anuais”.
O hospital de Penafiel, juntamente com o de Amarante, no distrito o Porto, integra o Centro Hospitalar do Tâmega e Sousa (CHTS), responsável por assistir uma população de quase 600 mil habitantes que residem naquele território, constituindo a segunda maior urgência do norte do país.
No início de setembro, um grupo de profissionais enviou ao ministro da Saúde uma carta aberta com mais de 1.000 assinaturas de médicos a avisar da sua indisponibilidade para fazerem mais horas extra a partir de 12 de setembro.
Na segunda-feira, a Federação Nacional dos Médicos (Fnam) alertava que as escalas dos serviços de urgência dos hospitais de Penafiel e Aveiro tinham “graves irregularidades”, com “equipas deficitárias”, colocando em causa a segurança de utentes e médicos.
Em comunicado, a Fnam avisava que situações como estas, relativas às escalas de outubro daqueles dois hospitais, “estão na forja a nível nacional, numa espiral de irresponsabilidade que, não sendo capaz de salvaguardar o atendimento em segurança da Urgência, vai adicionalmente castigar todos os outros serviços, os seus médicos e os seus utentes”.
A Fnam recordava que “era do conhecimento dos Conselhos de Administração do CHTS e do CHBV, bem como do Ministério da Saúde, que um elevado número de médicos exerceu o seu legítimo direito de pedir escusa ao trabalho suplementar além do limite anual de 150 horas já realizadas em 2023”.
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