No início da manhã de hoje a Polícia Civil do Rio de Janeiro tinha indicado a existência de 26 mortos, o mesmo número apontado pela HRW, mas mais tarde corrigiu esse valor para 23.
Cinco pessoas permanecem internadas.
A operação, denunciou a HRW, “forçou os moradores a se esconderem de rajadas de tiros. Escolas, postos de saúde e o comércio não abriram naquela manhã, e pessoas não puderam ir ao trabalho. As vítimas foram chegando a um hospital próximo nas 12 horas seguintes”.
“No final da carnificina, pelo menos 26 pessoas tinham morrido e cinco, incluindo um policial, estavam feridas”, frisou a ONG.
Esta foi a segunda operação mais letal da cidade, ficando apenas atrás apenas da realizada na favela do Jacarezinho, em maio de 2021, onde morreram 28 pessoas.
Nas duas situações, lembrou a organização não-governamental, “a polícia disse que abriu fogo após ser alvo de disparos”, sendo que o Ministério Público encerrou a grande maioria dos casos sem apresentar denúncias.
Segundo a polícia, do total de mortes, 15 eram suspeitos de tráfico de droga, sendo que uma mulher morreu decorrente de uma bala perdida, lembro a HWR, denunciando: “Eles não disseram nada sobre as outras nove pessoas que morreram”.
Os projetos de lei apresentados pelo Presidente brasileiro, Jair Bolsonaro, que já parabenizou os resultados da operação de terça-feira, visam “dificultar ainda mais a responsabilização de policiais por abusos” e envia uma mensagem clara à polícia de que “pode continuar matando impunemente”, disse a HWR.
A polícia do Rio de Janeiro argumentou estar a planear a detenção de um de criminosos que estariam escondidos na Vila Cruzeiro, norte do Rio de Janeiro, para desmantelar o Comando Vermelho, uma fação “com uma ideologia de guerra” e que é “responsável por mais de 80% dos confrontos armados” no Estado do Rio de Janeiro.
Numa decisão ordenada pelo Supremo Tribunal Federal, o Governador do Rio de Janeiro divulgou, no dia 23 de março, um plano para reduzir o número de mortes em operações da polícia, naquele que é um dos estados brasileiros com maior índice de fatalidades durante ações policiais.
Contudo, de acordo com esta ONG, “o plano carece de objetivos concretos e orçamento definido, e não foi discutido com a sociedade civil”.
Um dia antes do comunicado divulgado por esta organização de defesa dos direitos humanos, os representantes das Nações Unidas no Brasil mostraram-se “chocados” com o número de mortos causado pela operação policial e consideram “fundamental que as autoridades cumpram a ordem do Supremo Tribunal Federal”.
De acordo com um comunicado enviado à CNN Brasil, a porta-voz da ONU no país, frisou que a maioria das vítimas mortais eram negras tal como acontece “em 80% das operações policiais tão mortais quanto, de acordo com estudos sobre o histórico de operações no Rio de Janeiro”.
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