Num comunicado, a HRW disse que a execução, que terá acontecido na cidade de Moura, no centro do Mali, é a pior atrocidade relatada há uma década no país africano, que enfrenta uma rebelião de extremistas islâmicos.
O exército do Mali disse na sexta-feira à noite, numa declaração, que tinha matado “203 combatentes” de “grupos terroristas armados” durante uma operação numa zona do Sahel, no centro do Mali, que decorreu entre 23 e 31 de março.
A HRW disse que forças do exército maliano e soldados estrangeiros — identificados por várias fontes como russos — executaram, ao longo de vários dias no final de março, em pequenos grupos, várias centenas de pessoas que foram detidas em Moura.
A organização disse estar também a investigar o suposto assassinato de várias centenas de civis, ao longo de várias semanas, em março, por supostas forças do Estado Islâmico no Grande Saara, na região de Menaka, no Mali.
Mas a diretora da organização para o Sahel, Corinne Dufka, sublinhou que “os abusos de grupos islâmicos armados não justificam de forma alguma o massacre deliberado de pessoas sob custódia pelos militares”.
“O governo do Mali deve investigar urgente e imparcialmente esses assassinatos em massa, incluindo o papel de soldados estrangeiros”, disse Dufka.
“Para que tais investigações sejam suficientemente independentes e credíveis, as autoridades devem procurar assistência da União Africana e das Nações Unidas”, acrescentou.
Na segunda-feira, o Ministério dos Negócios Estrangeiros francês disse que a França está “gravemente preocupada” com possíveis “execuções” cometidas no Mali por militares malianos, “acompanhados de mercenários” do grupo privado russo Wagner.
Paris está “preocupada com as notícias de abusos maciços na aldeia de Moura (…) que teriam causado a morte de centenas de civis”, afirmou em comunicado o Ministério dos Negócios Estrangeiros francês.
Em Bruxelas, o Alto Representante da diplomacia da União Europeia (UE), Josep Borrell, também considerou “muito preocupante” a informação sobre “a morte de centenas de pessoas na aldeia de Moura”.
A violência terrorista deixou dezenas de civis mortos nas últimas semanas no centro e leste do Mali, na chamada região das três fronteiras (entre Mali, Níger e Burkina Faso), de acordo com a Missão da ONU ao Mali.
Esta vasta área é cenário de violência e de confrontos entre muitas das organizações armadas (regulares e irregulares) presentes no terreno, incluindo entre grupos afiliados à Al-Qaida e ao movimento terrorista Estado Islâmico.
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