A estratégia nacional de vacinação com BCG mudou em 2016, deixando de ser dada a todas as crianças. Passaram a ser vacinadas apenas as que pertencem a grupos de risco para a tuberculose ou as que vivem numa determinada comunidade, com uma elevada incidência da doença.
Para isso, existe uma ‘check list’ que permite identificar os meninos elegíveis para vacinação, explicou a diretora-geral da Saúde, Graça Freitas na Comissão Parlamentar de Saúde, onde foi ouvida a pedido do PSD.
Contudo, as estratégias vacinais dirigidas “só a quem precisa” são difíceis de realizar: “Percebemos que a pulverização de meninos fora da maternidade dificultava muito a sua captação e identificação” e “se não são identificados nem captados não são vacinados”, reconheceu.
“Como nós aprendemos com as coisas e como houve um ligeiro aumento de casos de tuberculose na infância temos que refazer essa estratégia”, disse a diretora-geral da Saúde.
Segundo Graça Freitas, a “estratégia de risco” vai manter-se, o que vai mudar é a sua operacionalização, com as crianças a ser captadas nas maternidades, através da aplicação de “um questionário seletivo”.
Com esta medida, salientou, será possível “encontrar todos os meninos que quando nascem já têm o risco, mas sem perder de vista que este questionário tem de ser repetido ao longo da vida destes meninos em todos os contactos com os serviços de saúde até aos seis anos”.
Vai ser também encetada “uma nova luta” para ter vacinas BCG, que desta vez vêm da Dinamarca.
“Todo a gente tem direito a vacinas com altos padrões de qualidade e isso está a criar nos próximos cinco anos dificuldades de disponibilidade de vacinas em todo o mundo”, afirmou.
Por exemplo, no ano passado para ter a BCG em Portugal foi preciso importá-la do Japão e desta vez será da Dinamarca.
Tanto em 2017 como em 2018 os casos de tuberculose nas crianças aumentaram, mas as autoridades não estabelecem ainda nenhuma relação direta com o facto de a vacina BCG ter deixado de ser dada de modo universal.
Os 30 novos casos de tuberculose registados em crianças menores de seis anos em 2018 chegaram a ser ultrapassados em anos em que ainda era dada a vacina de forma universal.
Quanto às formas graves de tuberculose em crianças com menos de seis anos, em 2018 voltou a haver quatro novos casos, tal como em 2017, sendo os anos com mais casos desde 2008, segundo dados divulgados pelo Programa Nacional para a Tuberculose
Portugal continua a ter uma redução anual de 5% no número de novos casos de tuberculose, mas precisava de duplicar esta diminuição para cumprir as metas da Organização Mundial da Saúde (OMS).
Segundo dados oficiais a taxa de incidência foi em 2018 de 15,4 casos por 100 mil habitantes, com um total de 1.703 casos notificados.
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