Um tribunal egípcio colocou o antigo futebolista internacional Mohamed Aboutrika na lista de apoiantes de terrorismo, com base em suspeitas de ter financiado a ilegalizada organização Irmandade Muçulmana, revelou hoje o advogado. A lista inclui o nome de mais de 1.500 pessoas, como o do ex-presidente Mohamed Mursi, atualmente preso e que Aboutrika apoiou na campanha presidencial de 2012.
Os bens do jogador foram congelados em 2015 por uma comissão governamental, que acusa o ex-jogador de ter contribuído financeiramente para a Irmandade Muçulmana, que foi classificada de organização terrorista em 2013.
De acordo com a legislação antiterrorismo, imposta há dois anos pelo presidente Abdel Fattah al-Sisi, qualquer pessoa que seja colocada na lista de apoiantes de terrorismo terá como consequência a apreensão do passaporte e o congelamento de todos os bens.
Aboutrika, que alinhava na posição de médio ofensivo e terminou a carreira em 2013, é considerado um dos melhores futebolistas africanos da sua geração, tendo representado por 100 vezes a seleção do Egito, pela qual marcou 38 golos.
O advogado do jogador, Mohamed Osman, criticou a decisão do tribunal, que classificou de "contrária à lei", porque Aboutrika "não foi alvo de nenhuma condenação nem de qualquer acusação", e adiantou que irá recorrer.
Aboutrika encontra-se atualmente no Quatar, onde trabalha como comentador para a emissora beIn Sports para os jogos do CAN 2017.
Indignação no Egito
A decisão judicial causou indignação no Egito, tendo ficado rapidamente popular uma hashtag no Twitter que defende que Aboutrika não é um criminoso. "Vamos continuar a defendê-lo e continuarei assim até que apresentem provas. Duvido que um homem como ele possa agir contra o Egito", reagiu no Twitter Ahmed Hossam, atual estrela do futebol egípcio.
"Em vez de colocar o seu nome na lista de campeões, colocam-no na lista de terroristas", afirmou, por sua vez, o apresentador de televisão Wael al-Ebrachi.
Em maio de 2015, uma comissão do Ministério da Justiça encarregada de confiscar os bens pertencentes à Irmandade Muçulmana congelou os de Aboutrika. Na época, o ex-jogador, que tinha quota numa agência de viagens, negou que a sua empresa ou os seus sócios tivessem financiado a organização islâmica.
Os bens de Aboutrika continuam congelados até hoje, apesar de várias decisões judiciais pedirem a anulação das punições, segundo Osman.
Um ano depois de chegar ao poder, eleito como presidente, Mohamed Mursi foi destituído pelo ex-chefe do exército e atual presidente do Egito, Abdel Fatah al-Sissi. A Irmandade Muçulmana nega ter recorrido à violência para combater o atual governo egípcio, e os seus partidários têm sido objeto de uma repressão desde a destituição de Mursi.
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