As ilhas Salomão, no oceano Pacífico, são a casa de 600 mil pessoas. E, como visível no seu brasão de armas, de crocodilos. Este ano, o número crescente de ataques por parte dos animais obrigou a polícia a tomar medidas, diz o The Guardian.
Ao longo do ano, foram registados dez ataques a pessoas e dezenas deles a animais domésticos ao longo das ilhas. É por isto que as autoridades têm vindo a matar alguns dos animais e que se tem colocado a hipótese de levantar a proibição de exportar a pele dos animais, que vigora há 30 anos. E é precisamente esta lei que pode estar na origem do aumento do número de animais.
Contudo, os ataques registados podem não corresponder exatamente à realidade. Há a possibilidade de acontecerem ataques em regiões remotas, onde os habitantes tentam controlar a população de crocodilos com os seus próprios meios - não têm armas que permitam matar os animais, que podem atingir os 7 metros, tendo em conta que as armas de fogo foram banidas em 2003 - e não reportam os ataques às autoridades. De acordo com as autoridades, o último acidente mortal aconteceu em abril, aquando do ataque de uma crocodilo a uma menina de oito anos.
"Os ataques de crocodilo começaram nos anos posteriores à RAMSI [Missão de Assistência Regional nas Ilhas Salomão], e acreditamos que é devido ao facto de os aldeões não terem armas para se protegerem e atirarem contra os crocodilos". Esta intervenção, iniciada há 14 anos, teve como objetivo controlar a violência entre grupos étnicos nas Ilhas.
Uma unidade da polícia especializada em crocodilos está, desde maio, equipada para controlar o número de animais. Aproveitando a noite e o facto de os olhos dos crocodilos se tornarem vermelhos no escuro e serem, por isso, um alvo mais fácil de atingir, as autoridades mataram, até ao momento, 40 crocodilos, um deles com 6.4 metros. "Têm havido muitos ataques: a população de crocodilos está fora de controlo".
Craig Franklin, professor de zoologia e especialista em crocodilos da Universidade de Queensland, lançou o alerta: "Quando dizemos que as populações [de crocodilos] estão a aumentar substancialmente, o que está também a crescer fora de controlo é a população humana, e as duas misturam-se muitas vezes. Quantas mais pessoas tivermos a viver num país de crocodilos, mais facilmente teremos estas interações negativas".
Além disso, cada vez que um crocodilo ataca um humano tem de ser capturado. Se não for, cada vez que se cruzar com pessoas vai identificá-las automaticamente como "uma fonte de comida".
Contudo, matar os animais para controlar a situação tem de ser um ato bem analisado. "Estamos a procurar assistência internacional de especialistas em crocodilos para conseguirmos fazer um relatório com dados científicos e informação que prove que a população de crocodilos está a aumentar lentamente, como acreditamos que está", referiu Joseph Hurutarau, vice-presidente de Conservação das Ilhas.
"O plano a longo-prazo é reintroduzir a exportação das peles de crocodilos, mas apenas para controlar a população e o número de ataques. Os crocodilos são uma espécie protegida e temos de encontrar um equilíbrio para manter a população saudável mas também para proteger as pessoas que vivem nas áreas costeiras e que dependem do oceano para o seu dia-a-dia".
As Ilhas Salomão têm a particularidade de terem crocodilos de água salgada, espécie existente no Índico e no Pacífico, podendo habitar também rios e estuários.
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