De acordo com o jornal britânico The Guardian, a mulher do ex-ministro Johnny Mercer chamou “imbecil” à nova primeira-ministra do Reino Unido, como retaliação do seu marido não ter transitado para o novo executivo.
Felicity Cornelius-Mercer utilizou a sua conta de Twitter para dizer que o sistema do Gabinete do Reino Unido — o equivalente ao Conselho de Ministros português — “tresanda” e que “trata as pessoas de forma terrível”, sendo que a “melhor pessoa” que conhece foi “despedida por uma imbecil”.
Em causa está o facto de Johnny Mercer, ministro para os Assuntos dos Veteranos durante o governo de Boris Johnson e o governo de gestão que lhe sucedeu com a demissão do primeiro-ministro, não ter feito parte das escolhas de Liz Truss para a sua equipa ministerial.
Liz Truss foi indigitada primeira-ministra do Reino Unido pela Rainha Isabel II, que lhe pediu para formar um novo Governo após aceitar a demissão de Boris Johnson, esta terça-feira. Pouco depois seguiram-se as nomeações de alguns dos ministros que acompanhá-la-ão.
A tirada de Felicity Cornelius-Mercer — acompanhada por uma montagem de Truss com a cabeça de Beaker, uma das personagens dos Marretas — faz ainda referência às supostas promessas de meritocracia alegadamente traídas pela nova primeira-ministra.
Aludindo a uma conversa entre Mercer e Truss, a esposa do ex-ministro escreve: “Ele perguntou-lhe ‘porque é que me fizeste uma coisa destas, quem é que vai ser melhor do que eu nestas funções, qual dos teus amigos vai ficar com o cargo, tu prometeste uma meritocracia?’”, ao que a primeira-ministra terá respondido “não posso responder a isso, Johnny”.
Johnny Mercer, deputado na Câmara dos Comuns, pelo seu lado, disse-se “desapontado” quanto à decisão de Truss, mas aceitou que a primeira-ministra “tem o direito de recompensar os seus apoiantes”.
Para já, Downing Street anunciou três nomeações ministeriais aos principais cargos, algumas delas pessoas que pertencem a minorias, mas sobretudo identificadas com as suas posições ultraliberais e conservadoras.
O combate à inflação estará nas mãos do ministro das Finanças, Kwasi Kwarteng, de 47 anos, filho de imigrantes de Gana que chegaram ao Reino Unido na década de 1960. Já a pasta dos Negócios Estrangeiros ficou com James Cleverly, um firme defensor do Brexit, de 53 anos, cuja mãe é de Serra Leoa.
O Ministério do Interior foi confiado a Suella Braverman, uma ex-advogada de 42 anos, que ficará encarregada do sensível expediente dos imigrantes ilegais que o governo quer expulsar para o Ruanda — ela sucederá no cargo à própria Truss.
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