“Às 16:11 demos o incêndio como extinto e iniciámos a fase de rescaldo. Lamentamos, ainda que sem grande significado, que nove bombeiros tenham sofrido ligeiros ferimentos, com queimaduras e intoxicação por força dos fumos”, avançou o responsável da Proteção Civil e Bombeiros dos Açores aos jornalistas no Hospital de Ponta Delgada, na ilha de São Miguel.
Rui Andrade destacou que o alerta foi dado pelas 9:15 locais (10:15 em Lisboa), tendo os meios sido “disponibilizados prontamente”.
“Verificámos ao longo do dia que o incêndio, apesar de circunscrito, ganhou intensidade, o que fez com que chegássemos ao longo do dia com um acumulado de meios de 104 bombeiros, 18 carros vermelhos de combate a incêndios e 26 ambulâncias”, reforçou.
Numa conferência de imprensa, em Angra do Heroísmo, na ilha Terceira, disse a secretária regional da Saúde e Segurança Social, Mónica Seidi explicou que o incêndio colocou em causa "o fornecimento de energia ao Hospital" e que "o fumo se propagou em diversas áreas" do Hospital do Divino Espírito Santo, na ilha de São Miguel.
A titular pela pasta da Saúde disse ainda que já foram transferidos os doentes que "estavam internados na unidade de cuidados intensivos neonatais e também nos adultos" e já foram "sinalizados doentes dos cuidados intermédios e dos cuidados paliativos para uma reposta mais diferenciada".
Segundo explicou a governante, as autoridades entraram em contacto com a Unidade de Saúde da ilha de São Miguel que tem Centros de Saúde com capacidade de internamento e com o Hospital privado da CUF e com a clínica do Bom Jesus, na ilha de São Miguel, que "prontamente se disponibilizaram para ajudar".
"Para garantir o acesso a cuidados de saúde à população de imediato acionamos as unidades básicas de urgência dos Centros Saúde que vão funcionar durante 24 horas, porque o serviço de urgência do Hospital de Ponta Delgada está de momento encerrado", disse ainda Mónica Seidi.
Em caso de situações mais graves os doentes deverão ser encaminhadas para o Serviço de Urgência do Hospital privado da CUF, localizado na ilha de São Miguel, que está articulado com as equipas do Hospital de Ponta Delgada.
Quanto ao Bloco de Partos e Operatório, que estão também de momento encerrados, já foi definido, em articulação com a CUF, um plano para atender a urgências, por via do reforço de elementos do Hospital de Ponta Delgada.
O HDES não contabiliza quantos doentes foram retirados hoje da unidade hospitalar devido ao incêndio, indicando que também foi dada “alta precoce” a alguns internados.
"Há esta preocupação de garantir a segurança dos utentes e da população residente", vincou a secretária regional, admitindo em caso de necessidade evacuar doentes para outras ilhas.
A secretária regional revelou ainda que se prevê que "nos próximos quatro a cinco dias seja difícil restituir a energia normal do Hospital do Divino Espírito Santo".
Por outro lado, os doentes do serviço de internamento do piso 1 que tem a seu cargo ortopedia, psiquiatria e pediatria "foram todos retirados" e "todas as consultas e cirurgias programadas terão de ser canceladas para já nestes primeiros dias", segundo a secretária regional da Saúde.
Segundo a CNN Portugal, junto ao hospital encontram-se ambulâncias prontas para transportar doentes retirados de zonas críticas da unidade hospitalar. As pessoas que se encontravam na zona da admissão de doentes foram também aconselhadas a sair.
O que se sabe sobre o incêndio?
O incêndio no Hospital do Divino Espírito Santo deflagrou "numa área técnica", estando as chamas circunscritas, segundo disse fonte hospitalar.
De acordo com um comunicado da maior unidade de saúde açoriana avançado pela agência Lusa, "o foco de incêndio foi detectado no piso 1 e foi acionado o plano de emergência do hospital e estão a ser tomadas todas as medidas previstas no mesmo".
Fonte do hospital disse que o incêndio ocorreu "numa área técnica" e "está circunscrito" e no local estão os Bombeiros Voluntários de Ponta Delgada.
Por razões de segurança, o Hospital pede à população que evite a ida à unidade de saúde "a não ser em situação de urgência/emergência" e que os visitantes de doentes "não se desloquem" ao hospital "até novas informações".
Nas imagens partilhadas nas redes sociais, é possível ver uma coluna de fumo bastante densa.
Devido ao incêncio, a missa dos doentes, que era para ser realizada esta manhã, na unidade hospitalar, no âmbito da festa do Senhor Santo Cristo, não foi celebrada, de acordo com informação da Diocese de Angra.
Na nota enviada às redações pelo serviço Diocesano das Comunicações Sociais da Igreja, o bispo de Angra lamenta o incêndio, que impediu a celebração da Eucaristia na Capela do Hospital.
“É sem dúvida um acontecimento triste e por isso a minha primeira palavra vai para a Administração do Hospital, para a Capelania Hospitalar, mas sobretudo para os doentes. Se há lugar onde a Festa do Senhor Santo Cristo deveria chegar era este” disse Armando Esteves Domingues ao Sítio Igreja Açores.
Além da celebração eucarística estava prevista uma visita às enfermarias.
“Tive oportunidade de deixar uma palavra aos doentes e quero aqui expressar o meu agradecimento a todos pelo trabalho que tiveram na preparação desta festa que infelizmente não se pode realizar”, sublinha o prelado diocesano.
*Com Lusa
(Artigo atualizado às 19h24)
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