O anúncio desses encontros evidencia uma aceleração das consultas realizadas por Macron, que entram na última fase após 55 dias de crise política, depois de nenhum grupo conseguir uma maioria absoluta nas eleições.

Cazeneuve e Bertrand foram citados como possíveis nomes de consenso para o cargo de primeiro-ministro no contexto de uma situação política complexa.

Macron causou surpresa na França ao convocar eleições legislativas em 30 de junho e 7 de julho, quase três anos antes do previsto, com a expectativa de um "esclarecimento" do panorama político após a vitória da extrema-direita nas eleições europeias.

Mas esse cenário mergulhou a França num bloqueio político, já que nenhum dos três blocos principais que emergiram das eleições — esquerda, centro-direita e extrema direita — conseguiu a maioria de 289 deputados e não há possibilidade de convocar novas eleições legislativas antes de julho de 2025.

Cazeneuve será o primeiro a ser recebido pelo presidente, na manhã desta segunda-feira. A sua indicação como primeiro-ministro é "uma possibilidade, mas não é uma certeza", é "uma opção", disse uma fonte próxima a Macron.

O presidente encontrar-se-á depois com os seus antecessores François Hollande (2012-2017) e Nicolas Sarkozy (2007-2012).

Bertrand, uma figura da direita tradicional e presidente da região Hauts-de-France, será recebido à tarde.

Segundo a equipa de Macron, o chefe de Estado vai esperar até ao início das aulas na França, previsto para esta segunda-feira, e a indicação do novo primeiro-ministro ocorreria apenas esta terça-feira.

Embora o nome de Cazeneuve circule há vários dias como possível novo primeiro-ministro, este político não o solicitou, "mas, se o fizer, é por dever e para evitar maiores dificuldades para o país", indicou uma fonte próxima dele.

Cazeneuve, ex-ministro do Interior e primeiro-ministro do governo socialista de François Hollande, "é um homem de esquerda responsável que levará em conta a situação política, mas também económica do país", acrescentou a mesma fonte.

Contudo, "se considerar que não estão reunidas as condições para um funcionamento institucional normal, regular, transparente, ele dirá não", detalhou.

Macron procura um primeiro-ministro que não seja objeto de uma censura imediata por parte das forças políticas no Parlamento.

O ex-socialista de 61 anos, que deixou o partido em 2022, tem um perfil aceitável para o governo, a direita e a extrema-direita, principalmente devido à forte oposição entre Cazeneuve e o partido de esquerda radical A França Insubmissa. E poderia receber o apoio de uma parte dos deputados socialistas.

O tempo urge para a formação de um novo governo, pois o orçamento de 2025 deve ser apresentado ao Parlamento o mais tardar a 1 de outubro.