A Diada deste ano ocorre, porém, num momento em que a Catalunha tem, pela primeira vez em 14 anos, um governo regional não separatista, liderado pelo socialista Salvador Illa, que venceu as eleições autonómicas de maio e tomou posse como presidente da Generalitat há um mês.
Serão assim as primeiras manifestações depois da formação do novo governo catalão e também da passagem por Barcelona, sem ser detido, do separatista Carles Puigdemont, há um mês.
Puigdemont é alvo de um mandado de detenção em Espanha desde que em 2017, quando era presidente do governo autonómico, protagonizou a declaração unilateral de independência da Catalunha.
Vive na Bélgica desde então, mas esteve em 08 de agosto num pequeno comício em Barcelona nas imediações do parlamento regional, na praça do Arco do Triunfo, precisamente o epicentro das manifestações de hoje em Barcelona.
As manifestações da Diada (Dia Nacional da Catalunha) pela independência perderam poder de mobilização nos últimos anos, após a tentativa falhada de autodeterminação de 2017.
Na do ano passado estiveram cerca de 115 mil pessoas nas ruas de Barcelona, a menor mobilização em mais de dez anos (excetuando os da pandemia), segundo dados da polícia municipal.
Entre 2012 e 2018, as manifestações da Diada mobilizaram centenas de milhares de pessoas e em alguns anos a participação chegou a ser superior a um milhão, de acordo com as diversas fontes.
As manifestações da Diada deste ano, organizadas pela Assembleia Nacional Catalã, uma organização da sociedade civil, têm como lema “Voltamos às Ruas”.
Além de Barcelona, estão convocadas manifestações para as cidades de Girona, Tarragona, Lleida e Tortosa. Para além do apelo ao regresso às ruas e da união dos independentistas, as manifestações deste ano vão além dessa mensagem e reclamam também, em cada local, políticas para a habitação, os transportes ou a saúde.
Como noutros anos, diversas organizações se vão somar às manifestações de hoje, assim como os grandes partidos independentistas: Esquerda Republicana da Catalunha (ERC), Juntos pela Catalunha (JxCat, direita, de Puigdemont) e CUP (extrema-esquerda).
Nas últimas eleições regionais, os partidos separatistas perderam a maioria absoluta que tinham no parlamento há mais de uma década e com a qual formavam uma frente para garantir governos independentistas na região.
Apesar disso nas eleições deste ano, entrou no parlamento um novo partido independentista, o Aliança Catalã, que é de extrema-direita e anunciou que não participará nas manifestações de hoje.
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