O Governo classificou hoje a utilização do espaço do Panteão Nacional para a realização de um jantar exclusivo de convidados da Web Summit como “absolutamente indigna”, referindo que tal utilização estava enquadrada legalmente através de um despacho proferido pelo anterior executivo PSD/CDS-PP. Também disse que vai proceder à alteração da lei "para que situações semelhantes não voltem a repetir-se, violando a história, a memória coletiva e os símbolos nacionais".
Em declarações à Lusa e sem querer adjetivar e comentar o jantar, o centrista Adolfo Mesquita Nunes realçou que a palavra utilizada por António Costa é extensível à administração pública tutelada pelo executivo socialista e à tutela da Cultura.
“Se o primeiro-ministro quer categorizar ou quer adjetivar a organização do jantar da forma que fez, essa é uma adjetivação que se aplica ao seu governo. (…) Não quero adjetivar a realização do jantar, mas a adjetivação que foi feita pelo primeiro-ministro então aplica-se à sua administração pública e à tutela da Cultura”, referiu.
O centrista frisou que o executivo liderado por António Costa tem em relação à Web Summit, cimeira tecnológica que reuniu esta semana milhares de pessoas em Lisboa, uma dualidade de critérios.
“O que é curioso constatar é que este Web Summit em tudo aquilo que é positivo, em tudo aquilo que é popular, é sempre mérito deste Governo e nunca do governo anterior. Já quando o Web Summit está envolvido em alguma polémica, a responsabilidade é do governo anterior”, afirmou o ex-secretário de Estado do Turismo.
“Isto é um padrão neste Governo que não assume responsabilidade por nenhuma das suas decisões. É uma escola socialista de governar e é uma marca deste governo em particular de não assumir qualquer responsabilidade sobre decisões que toma e sobre as quais posteriormente se arrepende”, salientou.
Ainda em declarações à Lusa, e sobre a decisão do Governo alterar o despacho que enquadra a regulamentação da utilização dos espaços culturais, o representante do CDS-PP sublinhou que “a permissão para a autorização de utilização de espaços públicos não é uma autorização tácita”.
“É preciso, de acordo com o regulamento, ser avaliado o caso em concreto, o evento em concreto, e saber se ele se enquadra ou não com aquilo que é a visão do espaço em que ele vai ser organizado”, afirmou.
E como tal, frisou: “Foi esta administração pública, a administração pública tutelada e governada pelo Partido Socialista, que entendeu por sua livre vontade que, neste caso em concreto, se se justificava a cedência do espaço”.
A polémica surgiu após a divulgação de informações nas redes sociais que deram conta da realização de um jantar exclusivo com convidados da Web Summit, em que participaram presidentes executivos, fundadores de empresas e ‘startups’, investidores de alto nível, entre outras personalidades.
O jantar em questão chama-se 'Founders Summit' e decorreu na sexta-feira em Lisboa, no dia seguinte ao encerramento da cimeira tecnológica.
Segundo a organização da Web Summit, nesta segunda edição do evento em Portugal que decorreu entre segunda e quinta-feira na capital portuguesa, participam 59.115 pessoas de 170 países, entre os quais mais de 1.200 oradores, 1.400 investidores e 2.500 jornalistas.
A cimeira tecnológica, de inovação e de empreendedorismo, nasceu em 2010 na Irlanda e mudou-se em 2016 para Lisboa por três anos, com possibilidade de mais dois de permanência na capital portuguesa.
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