Em comunicado enviado hoje, a estrutura regional do partido afirma que “conflui” nas “intenções e propostas” de um Governo de direita nos Açores, “não alinhando, desde logo, numa política tal como se alvitra, com forças políticas que se assumem como de extrema-direita e de pendor nacionalista e extremista”.
A direção regional emitiu o esclarecimento porque “têm vindo a público diferentes manifestações e declarações que dão a Iniciativa Liberal como um parceiro alinhado não apenas com a coligação de direita (PSD/CDS-PP/PMM), que se apresentou recentemente, mas também com o Chega, e que mais não são do que puras especulações que não traduzem a realidade e em nada abonam a veracidade exigida numa sociedade pluralista e livre”.
“A IL poderá viabilizar um governo de coligação de diversas forças políticas e o seu programa de governo”, esclarece, acrescentando que “essa viabilização e garante de apoio não é apanágio de uma qualquer coligação, mas tão-somente a votação favorável de um programa de governo onde se encontrem plasmadas as diferentes intenções, claras, inequívocas e exequíveis, objetivas e reais, que a IL apresentou ao Partido Social Democrata”.
O partido só “se comprometerá a viabilizar o programa do futuro governo desde que essas premissas sejam observadas”, concretiza, em comunicado.
Sensivelmente ao mesmo tempo que os liberais enviavam o comunicado, o líder social-democrata, José Manuel Bolieiro, falava aos jornalistas, depois de ter sido ouvido pelo Representante de República para a Região Autónoma dos Açores, Pedro Catarino, em Angra do Heroísmo.
Questionado sobre os acordos já formalizados para alcançar uma maioria absoluta no Parlamento açoriano (29 deputados), José Manuel Bolieiro disse que com o Chega “está assegurado pelos próprios que há efetivamente um acordo de incidência parlamentar” e com a Iniciativa Liberal “também”.
Falta apenas o PS ser ouvido para que Pedro Catarino possa indigitar o próximo Governo Regional dos Açores, que deve acontecer ainda hoje.
Em 25 de outubro, o PS venceu as eleições legislativas regionais dos Açores, mas perdeu a maioria absoluta, que detinha há 20 anos, elegendo apenas 25 deputados.
O PSD foi a segunda força política mais votada, com 21 deputados, seguindo-se o CDS-PP com três. Chega, BE e PPM elegeram dois deputados e Iniciativa Liberal e PAN um cada.
PSD, CDS-PP e PPM, que juntos têm 26 deputados, anunciaram esta semana um acordo de governação, mas necessitam ainda de mais três mandatos para alcançar uma maioria absoluta.
Com os dois deputados do Chega e o deputado da Iniciativa Liberal, a coligação PSD/CDS-PP/PPM conseguirá ter o apoio da maioria dos parlamentares na Assembleia Legislativa dos Açores.
À esquerda, o BE já indicou que está disponível para viabilizar um programa de governo do PS, enquanto o PAN disse estar disponível para ouvir todos os partidos, mas rejeitou viabilizar uma solução governativa que envolva o Chega.
Contudo, como os socialistas elegeram apenas 25 deputados, mesmo com o BE (que tem dois deputados) e o PAN (com um parlamentar), apenas terão o apoio de 28 deputados, menos um do que o necessário para a maioria.
A Assembleia Legislativa da Região Autónoma dos Açores integra 57 deputados e terá pela primeira vez oito forças políticas representadas.
A instalação da Assembleia Legislativa está marcada para 16 de novembro. Habitualmente, o Governo Regional toma posse, perante o parlamento, no dia seguinte.
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