Manuel Matos Gil mencionou hoje no parlamento uma reunião com a CGD em que "Jorge Tomé [antigo responsável pelo Caixa BI] estava em linha com os administradores relacionados à IMG [Imatosgil, empresa de Manuel Matos Gil]", referindo "coisas estranhas" que se passavam na administração da La Seda.
Durante a sua audição na comissão parlamentar de inquérito à recapitalização e gestão do banco público, Manuel Matos Gil disse também que não pactuava com alguns atos de gestão da La Seda.
Matos Gil afirmou ainda que o novo presidente da CGD à data, Fernando Faria de Oliveira, "não teria a sensibilidade ou o conhecimento do que se estaria a passar na La Seda".
De acordo com o empresário, Faria de Oliveira seria defensor de "não se entrar em conflito com aquela região" de Espanha, a Catalunha, e que "era importante não fazer muitas ondas".
"Se não é para fazer isso, eu não estou aqui para nada. Se é para estar com estas pessoas eu não pactuo", disse Manuel Matos Gil, clarificando a sua posição.
Durante a sua audição, Manuel Matos Gil mencionou que antigos administradores da La Seda tinham sido "condenados em 2015 e 2017 por crimes de apropriação indevida e de falsificação de documentos", e mencionou ligações da La Seda a altas figuras da política catalã, como os ex-presidentes da Generalitat Artur Mas e Jordi Pujol.
Artur Mas foi administrador da La Seda, e um outro administrador era "filho do senhor Pujol", disse Matos Gil no parlamento.
Manuel Matos Gil "queria tirar Rafael Español da administração da La Seda", revelou.
"Não nos interessava fazer uma OPA [oferta pública de aquisição]. Muito menos ser gerida por um senhor condenado por contas fraudulentas", disse Matos Gil.
"A companhia La Seda era politizada", considerou o empresário.
Manuel Matos Gil referiu ainda que houve uma assembleia-geral em que "tiraram as calças" a um administrador da La Seda que "tinha uma componente política enorme".
Perante perguntas do deputado do PCP Duarte Alves, o empresário afirmou que "embora não se entenda", a CGD continuou no projeto.
De acordo com a auditoria à CGD realizada pela EY, o total de crédito concedido à Artlant foi de 381 milhões de euros, e em 2015 a exposição da CGD a este projeto era de 351 milhões.
A CGD tinha também, em 2015, uma exposição de 89 milhões de euros à Jupiter, antiga Selenis SGPS, que participou num aumento de capital da La Seda.
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