Em declarações à agência Lusa, Raquel Guiomar, responsável pelo Laboratório Nacional de Referência para o vírus da Gripe e Outros Vírus Respiratórios, do Instituto Nacional de Saúde Doutor Ricardo Jorge (INSA), lembra que o coronavírus do Médio Oriente “ainda se mantém em circulação”, principalmente “ em pessoas que têm um contacto próximo com os dromedários”, que se julga serem o reservatório deste vírus (MERS-CoV).
“É um dos agentes que poderá neste inverno ser de grande cuidado a nível do diagnóstico laboratorial e da detenção dos casos suspeitos, principalmente no período em que se poderão vir a verificar mais viagens”, disse a responsável, referindo-se ao Campeonato do Mundo de Futebol, que arranca no final de novembro, no Qatar.
“O laboratório tem vindo a dar resposta a todos os casos suspeitos que são identificados pelos clínicos, normalmente com uma ligação epidemiológica aos países da Arábia Saudita”, disse.
A investigadora sublinha que a principal preocupação é “manter a capacidade de resposta” neste inverno para que, se houver um aumento de casos suspeitos, “se consiga dar de forma atempada e rápida um diagnóstico diferencial” também para este agente respiratório.
Até final de 2019 foram diagnosticados mais de 2.400 casos de MERS-CoV, a maioria na Arábia Saudita. Cerca de 30% dos doentes morreram.
O MERS-CoV é um dos três coronavírus, vindos de reservatórios de animais, que desde o início do século XXI provocaram, pela primeira vez, doenças graves e com elevadas taxas de mortalidade em humanos.
Os outros são o SARS-Cov que, em 2002, na província de Guangdong (China), deu origem a um surto de pneumonia grave que se espalhou por mais de duas dúzias de países, através da circulação internacional de pessoas, e o outro é o SARS-CoV-2, que em 2019 esteve na origem da pandemia de covid-19.
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