A GNR de Vila Real desafiou a Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro (UTAD), através do laboratório de Ciências Térmicas, a avançar com algumas hipóteses para a ocorrência de incêndios em viaturas e dentro do Túnel do Marão.
Em agosto, os investigadores da academia foram para o terreno e efetuaram medições de temperatura e humidade relativa no percurso de ida e volta, entre Vila Real – Amarante, pela Autoestrada 4 (A4), onde se insere o túnel rodoviário de quase seis quilómetros.
Amadeu Borges, responsável pelo laboratório de Ciências Térmicas, disse hoje à agência Lusa que foram utilizadas câmaras termográficas para medir a temperatura superficial no motor do carro.
Segundo referiu, o motor do carro aqueceu “mais cerca de 100 graus celsius” no sentido Amarante – Vila Real, onde existe uma subida prolongada até ao Túnel do Marão.
“Isto associado a alguma deficiência no sistema de arrefecimento do motor poderá causar uma situação de sobreaquecimento e o sobreaquecimento provocar um incêndio no veículo. E é, nesta parte do sobreaquecimento, que recaem quase todas as hipóteses”, afirmou, à margem do seminário “A segurança rodoviária no Túnel do Marão”, promovido pela GNR.
Questionado sobre se o túnel é um fator, Amadeu Borges considerou "que não”. “Eu não acredito, mas há mais para ser estudado. Existe o compromisso por parte da UTAD de continuar a colaborar com a GNR no sentido de se apurarem causas ou de se despistarem algumas dúvidas”, sustentou.
Aliás, acrescentou, pelas medições efetuadas foi possível verificar que o “túnel é um elemento que contribui para o arrefecimento do motor”.
“Um incidente que ocorra dentro do túnel por certo que já é consequência de um sobreaquecimento que já ocorreu antes do veículo entrar no túnel”, referiu.
Um incêndio num autocarro que ocorreu em junho do ano passado, no interior do Túnel do Marão, lançou um alerta sobre questões de segurança e socorro dentro desta que é a maior infraestrutura rodoviário da Península Ibérica.
Entretanto, depois do autocarro, dentro do túnel já se registaram mais um incêndio em um automóvel e dois princípios de incêndio em duas viaturas.
Em todos os casos não se verificaram vítimas, contudo, o túnel ficou fechado ao trânsito por diferentes períodos de tempo o que fez com que estas ocorrências tenham tido um maior impacto, quer mediático quer para os utentes.
Estes incidentes ocorreram todos no sentido Amarante – Vila Real e envolveram viaturas já com alguns anos e alguma quilometragem.
“O motor que venha a subir uma estrada com declive acentuado, prolongado, que tenha alguma falha no circuito de arrefecimento e que o traga o ar condicionado ligado, vai entrar em sobreaquecimento mais rapidamente”, referiu.
E, se isso acontecer, o investigador aproveitou para deixar um conselho: “Ao contrário do que muitas pessoas pensam, uma forma de aliviar esse sobreaquecimento é desligar o ar condicionado e ligar o aquecimento para dentro do habitáculo. É desagradável num dia de verão mas é a forma mais rápida de retirar calor do motor quando o sistema de arrefecimento não está a funcionar de forma correta”.
O Túnel do Marão está inserido na área de atuação do Destacamento de Trânsito de Vila Real.
O capitão Micael Lopes, comandante do Destacamento de Trânsito, disse à Lusa que o objetivo do seminário foi “demonstrar que o túnel é seguro” e, ao mesmo tempo, ajudar a “agilizar procedimentos” entre todas as entidades que intervêm na infraestrutura rodoviária.
No seminário marcaram presença a Proteção Civil, o Laboratório Nacional de Engenharia Civil (LNEC), a Infraestruturas de Portugal (IP)e representantes da guarda civil que falaram da experiência espanhola em túneis.
O seminário está inserido nas comemorações do Dia da Unidade da GNR de Vila Real, que começaram na quarta-feira e se prolongam até sexta-feira.
A cerimónia militar decorre na sexta-feira, na praça do município, inclui a entrega de condecorações e homenagem aos militares já falecidos e termina com o desfile das forças em parada.
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