“O investimento estrangeiro desempenha um papel importante na atividade económica e na criação de emprego em Portugal”, lê-se no relatório O Impacto do Quadro Regulatório no Investimento Estrangeiro em Portugal, da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Económico (OCDE), hoje divulgado.
Em 2020, adianta, “as empresas detidas por estrangeiros representavam apenas cerca de 2% das empresas em Portugal, mas empregavam 18% da mão-de-obra nacional e eram responsáveis por 28% do valor acrescentado total e 46% das exportações”.
De acordo com a organização, ao integrar os produtores portugueses de bens e serviços nas cadeias de valor orientadas para a exportação, “as empresas estrangeiras ajudam os produtores nacionais a aceder a novos mercados e a melhorar a competitividade dos seus produtos”.
Além disso, as empresas estrangeiras “contribuem para a qualidade do emprego e para a paridade de género”. Isto porque empregam mais trabalhadores “altamente qualificados” do que as empresas portuguesas na maioria dos setores e “pagam salários mais elevados” do que as nacionais, prossegue a OCDE, referindo que no caso de profissões altamente qualificadas estes são “quase 7% superiores”.
Por outro lado, pagam remunerações mais elevadas às mulheres do que as empresas portuguesas: “Em 2020, o salário mediano mensal das trabalhadoras em empresas estrangeiras era de 972 euros contra 796 euros nas empresas nacionais”.
Acresce que, em muitos setores de atividade, as empresas estrangeiras “também empregam um número superior de mulheres em altos cargos executivos”, sublinha.
A OCDE destaca também o papel das empresas estrangeiras na inovação e nos esforços de transição digital e ecológica.
“As empresas estrangeiras são responsáveis por 25% dos investimentos em I&D [Investigação & Desenvolvimento] em Portugal”, aponta, referindo que “usam mais tecnologia digital de ponta do que as empresas nacionais”, como é o caso da impressão 3D, robôs industriais, inteligência artificial (IA), entre outras tecnologias.
A formação de trabalhadores em tecnologias “é mais comum em empresas estrangeiras”, sendo que 62% prestaram formação em tecnologias de informação e comunicação (TIC) aos seus funcionários, contra pouco mais de um terço (36%) das empresas portuguesas.
As energias renováveis “representaram 96% das fusões e aquisições internacionais no setor energético em Portugal entre 2012 e 2022 — um forte contraste com a maioria das economias homólogas, onde a percentagem desse mesmo tipo de transações foi de 37%”.
O relatório da OCDE compara o quadro regulatório para o investimento em Portugal com um grupo de economias europeias homólogas, identifica eventuais entraves ao investimento e avalia em que medida um ambiente de negócios mais favorável pode ajudar a atrair mais IDE para o país. Propõe também uma série de reformas que o Governo português poderia considerar para aumentar o nível de IDE na economia.
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