A informação foi adiantada à agência Lusa pelo presidente do organismo, Vítor Pataco, que salientou não se estar a reagir a qualquer situação mediática, por ser um projeto iniciado em 2018 e apresentado no início do ano.
A intenção é, numa primeira fase, ainda este ano, existir uma formação de base geral para agentes desportivos, clubes, familiares, comunidade escolar e autarquias que permita sensibilizar para a prevenção e proteção de crianças e jovens no desporto e para que percebam as diferentes categorias de abuso, sinais de alerta e como podem atuar.
Essa ação será depois “afunilada para uma formação mais especializada”, que irá capacitar os guardiões nacionais presentes nas 12 federações em Portugal com maior número de praticantes, que por sua vez irão replicar esses conhecimentos junto de guardiões locais, que formarão uma rede no país pronta a ser acionada quando necessária.
Esta é uma das medidas integrada no Roteiro para a Proteção de Jovens Atletas, com o “objetivo sensibilizar todas as partes que estão envolvidas no processo de formação desportiva dos jovens e crianças, no sentido de assumirem o seu papel de garantia que os jovens estão a treinar e a competir em ambientes saudáveis, seguros e positivos para todos e prevenir qualquer tipo de violência, seja ela de âmbito sexual, verbal, físico, ou as questões do bullying”, realçou Vítor Pataco, à Lusa.
A meta é que, além das federações já envolvidas, e que representam cerca de 80 % dos praticantes de desporto em Portugal, todas venham a ter um guardião.
Segundo o presidente do IPDJ, a medida surge na sequência de outros projetos do Conselho da Europa, como o “Começar a Falar”, que visava “pôr as crianças e jovens a falar naquilo que os incomodava em contexto desportivo”, e esta é “uma atenção especial” dada ao desporto.
“Nós já temos mecanismos gerais de queixa, já existe uma linha genérica de apoio à vítima. O que nós estamos é a acrescentar esta especificidade para o desporto”, acentuou Vítor Pataco, segundo o qual este “é um percurso” a densificar.
Para o presidente do IPDJ, que vincou ter sido Portugal o primeiro país a apresentar esta estratégia, pretende-se também dar formação a atletas, pais, familiares, treinadores e elementos das estruturas ligados à formação desportiva, para “dar uma garantia adicional ao sistema desportivo” para que, no caso de ser detetada uma situação de abuso, a vítima esteja mais elucidada, saiba que tem o direito de se queixar, ver o seu anonimato protegido e ter a garantia de que é acompanhada “do princípio ao fim”.
Vítor Pataco garantiu que o projeto “não será uma coisa vaga”, mas uma estratégia que visa não apenas prevenir comportamentos desadequados, através da sensibilização, como também criar um ecossistema de parcerias, com o apoio de guardiões “instruídos e qualificados”, para resolver os problemas que surgirem.
O presidente do IPDJ enfatizou que o abuso tanto pode ser “moral, verbal ou físico” e que “tem de estar claro na cabeça de quem está envolvido no processo que existem várias categorias de abuso, porque muitas vezes os sinais não são entendidos”, uma falha que espera ver ultrapassada com a formação, já que considerou ser “uma das ferramentas importantes passar informação clara e objetiva a todas as partes envolvidas, incluindo aqueles que são as vítimas”.
Até ao final do ano, em parceria com a Associação de Apoio à Vítima, ficará disponível um manual orientador de boas práticas e, na formação base, aberta a toda a comunidade desportiva e educativa, estão inscritas “mais de mil pessoas”. O perfil do guardião também já foi definido por psicólogas especialistas na área.
“Admitimos que durante o ano de 2023 já vamos ter guardiões formados e mecanismos a funcionar, pelo menos em algumas federações, e criar alguma rede, mas isto é um processo”, reforçou o presidente do IPDJ.
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