O chefe do Governo irlandês – uma coligação entre centristas, democratas-cristãos e verdes – reconheceu que Johnson conduziu o seu país durante “um período difícil” devido à pandemia de covid-19 e à guerra na Ucrânia, mas insistiu que a Irlanda e o Reino Unido devem “trabalhar em conjunto”, para “garantir a paz e a prosperidade”.
“Embora o primeiro-ministro Johnson e eu tenhamos estado em contacto constante, nem sempre concordámos. E a relação entre os nossos governos tem sido tensa e, ultimamente, testada”, disse Martin num comunicado.
O primeiro-ministro irlandês explicou que os governos dos dois países têm uma “responsabilidade conjunta” de proteger o acordo de paz da Sexta-feira Santa (1998) – o documento que pôs fim ao conflito na província britânica da Irlanda do Norte.
“Também devemos cuidar das nossas relações bilaterais, o que exige que trabalhemos juntos, num um espírito de respeito, confiança e cooperação”, sublinhou Martin.
O líder irlandês pediu ao Governo de Londres, “mais uma vez”, para que inverta a sua posição de “ação unilateral”, para abordar questões relacionadas com o “legado do passado conflito na Irlanda do Norte, os direitos humanos ou o protocolo do ‘Brexit’ para a Irlanda do Norte”.
Esta questão colocou as relações entre a Irlanda e o Reino Unido no seu “ponto mais baixo”, como Martin reconheceu recentemente, já que Johnson lançou um projeto de lei que visa eliminar partes do referido protocolo de forma unilateral.
“Do ponto de vista pessoal, estou ciente de que (Johnson) teve algumas semanas difíceis e desejo-lhe, como à sua família, o melhor para o futuro, depois do anúncio da sua demissão”, concluiu o primeiro-ministro irlandês.
O primeiro-ministro britânico, Boris Johnson, demitiu-se hoje da liderança do Partido Conservador, mas disse que se manterá na chefia do Governo até à eleição de um novo líder dos conservadores, apesar das vozes de dentro e fora do partido para que deixe já o executivo.
A demissão do líder conservador, de 58 anos, que assumiu o cargo de primeiro-ministro do Reino Unido em julho de 2019, ocorreu após a saída de dezenas de membros do seu executivo e de uma sucessão de escândalos.
Depois de David Cameron, em 24 de junho de 2016, e de Theresa May, em 24 de maio de 2019, Johnson é o terceiro primeiro-ministro conservador a demitir-se em apenas seis anos.
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