O megajulgamento decorre num grande armazém transformado em tribunal em Lazia Terme, cidade da Calábria, sob a liderança do conhecido procurador Nicola Gratteri [na foto].
Acusados de associação mafiosa, assassínio e tentativa de assassínio, tráfico de drogas, extorsão, abuso de poder, ocultação e lavagem de dinheiro, mas também polícias, eleitos locais e empresários, passarão pela barra do tribunal, embora sobretudo através de videoconferência devido à pandemia do novo coronavírus.
São igualmente esperados mais de 900 testemunhas e 400 advogados, de acordo com a BBC.
No banco dos réus está o líder de clã Luigi Mancuso, conhecido como "O Tio", que já passou quase 20 anos na prisão, mas também dezenas de outros ligados à organização criminosa com apelidos como: “Lobo”, “Gordinho”, “Lourinha” e “Cabrinha”.
Este julgamento é “um marco na construção de um muro contra as máfias em Itália”, disse na véspera da abertura do processo à AFP o procurador Nicola Gratteri, que defende que a Ndrangheta deve ser vista como uma “’holding’ do crime”.
Quase 60 testemunhas da acusação aceitaram quebrar a ‘omertà’, a lei do silêncio, para revelar os segredos do clã Mancuso e associados, o que é um facto raro na máfia calabresa, construída sobre os laços de sangue e que pune impiedosamente os “arrependidos”.
Pelas suas proporções, este julgamento só é ultrapassado pelo primeiro “maxi-julgamento” de 1986-1987 em Palermo contra a Cosa Nostra siciliana, que condenou 338 acusados. Os juízes Giovani Falcone e Paolo Borsellino foram então assassinados pela máfia.
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