Vera Costley-White está com o marido e as duas filhas num hotel em Cayo Coco, de onde deverão ser retirados nas próximas horas. Ao final da manhã de hoje, o secretário de Estado das Comunidades Portuguesas tinha informado que as autoridades cubanas iriam deslocar os cidadãos em estâncias turísticas para zonas mais seguras, devido à passagem do Irma, o mais poderoso furacão atlântico numa década.
“Ontem [quarta-feira], o representante da agência de viagens tinha-nos avisado para termos as malas prontas porque o hotel ia ser evacuado. Hoje, por volta das 07:00, ligaram para o quarto a dizer que seríamos transferidos para Havana”, relatou a portuguesa, por telefone, em declarações à Lusa.
A família de Vera Costley-White integra um grupo de 22 portugueses, que serão levados de autocarro, numa viagem de cerca de oito horas, para a capital cubana, Havana, enquanto outro conjunto de cerca de 70 cidadãos nacionais seguirá para Varadero. Todos se encontram no mesmo hotel, mas esta turista disse que todos os hotéis desta zona turística de Cuba estão a ser evacuados.
“O hotel vai fechar. Ontem [quarta-feira] começaram a retirar espreguiçadeiras e cadeiras do exterior e só o ‘lobby’ é que está a funcionar”, descreveu.
A turista mencionou que o ambiente entre os turistas portugueses é calmo.
O dia amanheceu com bom tempo, em Cayo Coco, com sol, mas “já se nota mais vento, vindo do lado da República Dominicana”, disse Vera Costley-White, que apontou que a chegada do furacão Irma àquela região está prevista para sexta-feira à tarde.
Dalila Sepúlveda, o marido e os filhos – de sete anos e nove meses – chegaram, na segunda-feira a Cayo Coco, mas, ao perceberem, pelas notícias, o agravamento do furacão, optaram por regressar a Portugal mais cedo.
“Quando vimos que o furacão estava a ganhar intensidade, começámos a fazer perguntas e o operador dizia que não havia problema”, descreveu à Lusa, a partir de Madrid, Espanha, de onde hoje terá voo para Lisboa e, depois, para o Porto.
Dalila Sepúlveda explicou que não quis arriscar, já que apenas tinha comida para o bebé para uma semana – o regresso estava previsto para dia 11 – e teve receio que a família fosse levada para um abrigo, sem saber em que condições ficariam, se haveria ou não eletricidade ou comida nos supermercados, bem como desconhecendo quando poderiam voltar para Portugal.
“Comecei a ficar preocupada e não quis arriscar”, disse, relatando que apanhou um táxi para ir para Havana e depois conseguiu um voo, no valor de mais de 3.000 euros, da capital cubana para Madrid, seguindo-se Lisboa e Porto.
Dalila desconhece ainda se vai receber alguma indemnização do operador turístico ou da companhia de seguros.
Em Punta Cana, na República Dominicana, o pior parece já ter passado: Márcia Dias, que está de férias como 11 familiares, recebeu indicações para se refugiarem no quarto do hotel desde as 19:00 [menos cinco horas que em Lisboa] de quarta-feira.
“Tivemos o restaurante principal aberto até às 18:00 para irmos buscar comida ou comermos lá. Mas o hotel preparou vários ‘kits’ com muita água, leite, cereais, sandes, e distribuiu por todo o hotel”, contou, através de mensagens, à Lusa.
“Pelo que temos visto na televisão, o furacão já se encontra mais na zona do Haiti”, disse, pelas 16:00 de Lisboa, cerca de 11:00 na República Dominicana.
Márcia Dias contou que ainda havia muito vento e que durante a noite tinha chovido “muito pouco”, mas, àquela hora, a chuva caía com muita intensidade.
Os portugueses receberam, entretanto, informação que já era possível circular pelo hotel, mas a praia ainda se mantinha interdita.
O Irma é, segundo o instituto meteorológico Météo France, o mais longo furacão de categoria 5 na escala de Saffir-Simpson alguma vez registado no mundo, e já causou nove mortos.
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