A governanta, que aos 42 anos enfrentou desastres naturais, a pandemia de Covid-19 e o pior ataque terrorista da história da Nova Zelândia - enquanto primeira-ministra-, disse que o seu “tanque está na reserva” e que “deu o seu melhor” na liderança do país, mas que isso também “exigiu muito” de si .
"Sou humana. Damos tudo o que podemos pelo tempo que pudermos e, para mim, chegou a hora", disse numa reunião de membros do seu Partido Trabalhista.
Ardern assegurou que ficará no cargo até 7 de fevereiro, quase três anos depois de ganhar uma eleição esmagadora que lhe garantiu o segundo mandato no cargo.
Jacinda Arden ocupou o cargo de primeira-ministra pela primeira vez em 2017, tornando-se na mais jovem governante do país.
Desde a "Jacindamania", em 2020, o governo de Ardern tem lutado contra a inflação que é crescente e contra uma recessão iminente que lhe está a tirar pontos em termos de popularidade e a fortalecer a oposição que é conservadora.
"Acredito que liderar um país é o trabalho mais privilegiado que alguém poderia ter, mas também um dos mais desafiadores", declarou Ardern. "Não é possível e não se deve fazê-lo a menos que tenha um tanque cheio, além de um pouco na reserva para os desafios inesperados."
Jacinda Ardern ganhou reconhecimento internacional pela empatia demonstrada na gestão do massacre da mesquita de Christchurch em 2019, no qual morreram 51 fiéis muçulmanos e outros 40 ficaram feridos. Mais tarde, no mesmo ano, a primeira-ministra foi elogiada pela sua liderança decisiva durante a erupção fatal do vulcão White Island (também conhecido como Whakaari).
Nesta quinta-feira, Arden lembrou algumas políticas introduzidas no seu governo que a deixaram “orgulhosa”, como o acesso à habitação, medidas de combate à mudança climática e à pobreza infantil.
"Fizemos isso enquanto respondíamos a algumas das maiores ameaças à saúde e ao bem-estar económico da nossa nação, desde a Segunda Guerra Mundial", declarou.
Tendo sido destaque em capas de revistas britânicas como Vogue e Time, houve uma percepção de que Ardern era mais popular no exterior do que em casa.
No seu auge, foi uma força da política nacional, mas o seu governo atual tem caído nas sondagens ao longo do ano passado.
A pressão, e o stress, tem sido evidente na primeira-ministra. Num raro lapso de equilíbrio emocional chamou publicamente a um político da oposição de "idiota arrogante".
A sua saída deixa um vazio na liderança do Partido Trabalhista.
Embora as sondagens mais recentes indiquem que uma coligação de centro-direita ganharia as eleições, Ardern disse que não foi esse o motivo da sua renúncia.
"Estou de saída porque com um trabalho tão privilegiado vem uma grande responsabilidade. A responsabilidade de saber quando você é a pessoa certa para liderar -- e também quando você não o é."
Ardern foi a segunda primeira-ministra do mundo a dar à luz enquanto estava no cargo, depois da paquistanesa Benazir Bhutto em 1990.
A primeira-ministra disse ainda que estava ansiosa por passar mais tempo com a sua filha, Neve, que deve começar a escola no final deste ano, e, finalmente, terá tempo para casar com o seu parceiro, Clarke Gayford.
“A Nova Zelândia escolherá o próximo primeiro-ministro em eleições a 14 de outubro", anunciou Ardern que continuará a servir como deputada eleita, até às eleições.
(notícia corrigida às 10h38)
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