“Há muito mais vida para se viver aqui”, declarou Blake, envergando uma bata do hospital onde ainda permanece após o incidente, ocorrido em 23 de agosto e que gerou violentos protestos na cidade de Kenosha.
“A tua vida, e não só a tua vida, as tuas pernas, algo que precisas para andar e seguir em frente na vida, podem ser-te tiradas assim”, lamentou o jovem, que sofre de paralisia na metade inferior do corpo e que destacou a sua afirmação com um estalar de dedos.
A gravação, com menos de um minuto de duração, foi divulgada no sábado à noite no Twitter pelo advogado da família de Blake, Ben Crump, e divulgada hoje pelos media locais.
"Dói respirar, dói dormir, dói mover-me de um lado para o outro, dói comer", relatou Blake sobre o que está a enfrentar 24 horas por dia, em que vive com suturas cirúrgicas nas costas e no estômago.
"Eu digo às pessoas para mudarem as suas vidas lá fora. Podemos ficar juntos, ganhar algum dinheiro, tornar tudo mais fácil para o nosso povo, porque muito tempo foi perdido", sublinhou.
O jornal Washington Post relatou que Blake apareceu pela primeira vez em público na sexta-feira numa audiência virtual no tribunal.
A publicação indicou que o afro-americano, de 29 anos, é acusado de agressão sexual em terceiro grau, roubo e conduta desordeira.
Durante a audiência, declarou-se inocente das acusações.
Um polícia disparou para as costas de Blake quando este abria a porta de um automóvel SUV, onde estavam os seus três filhos menores, cena que foi filmada pelas câmaras dos telefones celulares de testemunhas.
Os vídeos mostram Blake a afastar-se dos polícias que estavam a apontar-lhe as armas. Quando se aproximou do SUV e abriu a porta do motorista, um dos polícias agarrou-se pela camisa e disparou sete vezes.
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