“Sim querem-nos quietos, confinados, calados e com temor, porque sabem o que aí vem. Querem que abdiquemos do que a vida tem de mais belo e realizador, libertos dos nossos medos, reencontrar o convívio e as amizades, a cultura, os concertos de diversos estilos de música”, denunciou Jerónimo de Sousa.
Antes das primeiras palavras do líder comunista, às 19:00 em ponto, ecoou pela instalação sonora dos 30 hectares das quintas da Atalaia e do Cabo da Marinha, Seixal (Setúbal), o tema “Avante, camarada!”.
“Figuras destacadas da direita, ex-governantes bem conhecidos, como se tivessem tido um rebate de consciência pelo mal que fizeram ao direito à saúde dos portugueses e ao Serviço Nacional de Saúde, à rede pública, com a desvalorização de serviços, (...), que castigaram também nos seus salários, nos seus horários, nas suas carreiras, vêm à praça pública invocar hipocritamente razões sanitárias para impedir a festa”, lamentou.
Segundo Jerónimo de Sousa, “não querem que haja festa como não queriam as celebrações do 25 de Abril, nem a jornada de luta do 1.º de Maio”.
“Não queriam, nem querem a festa porque estão conscientes do agravamento da situação económica e social em que setores do capital se vão aproveitar para despedir, cortar salários e direitos, aumentar as injustiças e desigualdades e ficar com a parte de leão dos apoios financeiros”, continuou.
No fim do discurso de cinco minutos do secretário-geral, reproduzido com algumas falhas no áudio, as colunas de som reproduziram “A Internacional” e o hino nacional, empolgando alguns dos milhares de pessoas já presentes no recinto, com os punhos erguidos e as gargantas no volume máximo.
O líder comunista criticou ainda a Direção-Geral da Saúde por ter imposto medidas “que vão para além das normas exigidas em qualquer espaço comercial, qualquer praia, atividade religiosa ou de rua e outras iniciativas, num espaço de 300 mil metros quadrados”
“Durante décadas, salvo as devidas exceções, a Festa do “Avante!”, em particular as imagens do nível de participação nos comícios, foram escondidas, censuradas, arquivadas, para concluírem que ‘a coisa estava fraca’. Agora, surpreendentemente, muitas das peças que nunca viram a luz do dia, passam e repassam, para concluir que ‘vai haver gente a mais’”, acusou, dirigindo-se à comunicação social, sem nomear órgãos.
Para Jerónimo de Sousa, “usando um autêntico arsenal mediático, aproveitando as preocupações legítimas em relação ao surto epidémico, o que realmente pretendiam e pretendem é pôr em causa direitos políticos constitucionais”.
Comentários