O secretário-geral do PCP, Jerónimo de Sousa, considerou hoje “um escândalo” o anúncio dos aumentos “brutais” no preço do gás e defendeu “medidas imediatas” para combater a “acelerada degradação da situação económica e social” no país.
“Fomos confrontados com o anúncio de aumentos brutais no preço do gás, feita por algumas empresas do setor energético [na quinta-feira]. Aumentos que anunciam ser da ordem das dezenas de euros mensais. Um escândalo”, disse Jerónimo de Sousa, durante um jantar comício que juntou centenas de pessoas, na Feira de Agosto, em Grândola, no distrito de Setúbal.
Para o secretário-geral do PCP, o escândalo é “tão maior quanto os trabalhadores e os reformados veem o seu poder de compra a diminuir, em que os seus salários e pensões já foram comidos nestes sete meses do ano por uma inflação que não para de crescer”.
“O Governo PS limita-se a anunciar uma medida destinada a contornar parcialmente o problema, admitindo a possibilidade de regresso dos consumidores à tarifa regulada desde que consigam vencer a batalha que cada um terá de travar individualmente com a respetiva empresa com quem tenha contrato de fornecimento de gás”, afirmou.
O Governo anunciou que vai propor o levantamento das restrições legais existentes para permitir o acesso às famílias e pequenos negócios ao mercado regulado, face aos aumentos anunciados na quarta-feira.
No entender de Jerónimo de Sousa, as medidas anunciadas pelo Governo, face ao aumento do preço do gás, são “temporárias” e os “seus efeitos” esgotam-se em dezembro deste ano.
Sendo medidas "só por três meses" - "daqui a três meses, estaríamos na mesma situação" -, o líder comunista questionou se "alguém acredita que, em janeiro [de 2023] os preços vão baixar?"
"Não aldrabem o povo português porque isto é de facto demagogia e aldrabice”, afirmou.
“Os trabalhadores e o povo estão a pagar a política das sanções com as suas condições de vida e os seus grupos económicos aproveitam-se agora das sanções e da guerra, como antes se aproveitaram da epidemia para acumularem milhares de milhões de euros de lucros”, vincou.
Por isso, defendeu ser “cada vez mais evidente a necessidade de avançar com medidas imediatas” para fazer face ao “aumento do custo de vida e o agravamento das injustiças e desigualdades”, que assegurem “o aumento do poder de compra dos trabalhadores e reformados”, combatam “o aumento dos preços” e garantam “uma mais justa distribuição da riqueza”.
O líder comunista considerou ainda que é “na liberalização dos mercados que está o problema de fundo das regras que permitem os aumentos dos preços com que os grupos económicos multiplicam os seus lucros”.
(Artigo atualizado às 23h55)
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