A União de Freguesias de Moscavide e Portela fica localizada na zona oriental do concelho de Loures, muito próxima do recinto que vai acolher as principais celebrações da JMJ.

A pouco mais de três meses do evento, que decorre entre 1 e 6 de agosto, o presidente da União de Freguesias de Moscavide e Portela, Ricardo Lima (PS), disse à agência Lusa estar “bastante preocupado” com a falta de respostas em alguma da áreas.

“Muita preocupação. Devo dizer com sinceridade. Nós que vivemos muito de perto aquilo que foi a dimensão de um outro evento, que não trouxe tantas pessoas, que foi a Expo 98, e sabemos o que vivemos na pele em termos da população flutuante, a limpeza, transportes públicos, mobilidade, etc”, apontou o autarca.

Segundo Ricardo Lima, a articulação entre a Fundação da JMJ e a autarquia “não tem sido suficiente” e “existem ainda dúvidas” em relação a matérias ligadas à organização da Jornada Mundial da Juventude.

Uma das questões levantadas pelo autarca de Moscavide e Portela tem a ver com o alojamento de peregrinos, referindo que a paróquia local assumiu a responsabilidade de garantir naquele território o acolhimento de 15 mil pessoas.

“Eu digo com toda a honestidade. Não sei onde é que vão colocar 15 mil pessoas a dormir. Mesmo fazendo uso total das nossas escolas, algumas sem essas condições de acolhimento. Alguns equipamentos públicos, mesmo nessa altura, estarão a ter outro tipo de uso normal, para as férias das crianças”, alertou.

Questionado pela Lusa, o padre José Fernando, pároco de Moscavide, disse que “ainda não há certeza” do número de peregrinos que será acolhido na localidade, ressalvando que “tudo ainda está a ser trabalhado”.

A mobilidade dos peregrinos dentro da União de Freguesias de Moscavide e Portela é outra das questões que preocupa Ricardo Lima, que aponta para a “escassez de transportes públicos”.

“Ao nível dos transportes públicos eu acho que vai colapsar. É impossível conseguir dar resposta a tantas pessoas mesmo com o reforço que vai existir. É muito difícil”, anteviu.

Além dos transportes, o autarca de Moscavide e Portela manifesta-se também preocupado com a alimentação dos peregrinos e com a “fraca adesão” que os estabelecimentos de restauração da União de Freguesias estão a ter ao programa lançado pela Fundação JMJ, entidade responsável pelo evento.

“A fundação criou um ‘voucher’ da JMJ. Só que esse ‘voucher’ talvez dê para comer uma sandes ou uma tosta mista. Para almoçar e jantar deve ser difícil, a seis euros e meio, preço que querem acordar com a restauração. Por isso não houve nenhuma adesão por parte da restauração da freguesia”, justificou.

Nesse sentido, Ricardo Lima defende que a Fundação JMJ deve comparticipar financeiramente algumas das medidas que terão de ser adotadas para responder às necessidades dos peregrinos.

“Há necessidade de um conjunto de meios que, como devem calcular, a fundação tem ela própria, também, de se chegar à frente. Os apoios públicos já foram todos assumidos e responsabilizados e existem outros compromissos que têm de ser assegurados”, argumentou.

O autarca manifestou também preocupação com a especulação imobiliária, sublinhando que a vila de Moscavide é a zona do concelho de Loures com mais edifícios afetos à atividade de alojamento local.

“Pela informação que temos todo o alojamento local está lotado nesses períodos. Eventualmente, muito outro alojamento local, que não tem licença, deverá estar também alocado a esse período”, perspetivou.

A Jornada Mundial da Juventude, considerada o maior acontecimento da Igreja Católica, vai realizar-se este ano em Lisboa, entre 01 e 06 de agosto, sendo esperadas cerca de 1,5 milhões de pessoas.

As principais cerimónias da jornada decorrem no Parque Tejo, a norte do Parque das Nações, na margem ribeirinha do Tejo, em terrenos dos concelhos de Lisboa e Loures.

As jornadas nasceram por iniciativa do Papa João Paulo II, após o sucesso do encontro promovido em 1985, em Roma, no Ano Internacional da Juventude.