Joana Marques Vidal, que falava à margem de um debate que decorreu na Associação para o Desenvolvimento Económico e Social (Sedes) no âmbito do ciclo de debates "fim de tarde na SEDES com quem sabe", adiantou que isso não significa necessariamente um aumento da corrupção, mas revela que existe na sociedade mais atenção a esse problema.
Numa entrevista à Rádio Renascença, divulgada no fim de semana passado, a ex-PGR afirmou existirem redes de compadrio e corrupção nas áreas da contratação pública, tendo hoje a ministra da Justiça respondido que está segura de que se foram feitas tais acusações por parte de Joana Marques Vidal, esta terá "elementos para concretizar as situações".
“Todos os dados concretos que tenho obviamente são transmitidos às pessoas concretas, não há dúvidas nenhumas. Todo o funcionário e qualquer cidadão responsável tem que apresentar”, garantiu Joana Marques Vidal.
Sobre a corrupção, afirmou aos jornalistas que “basta olhar para os processos que têm vindo a lume".
“É uma análise sociológica e criminal da realidade dos factos, não estou a inventar nada, aliás o senhor Presidente da República falou sobre o mesmo, o senhor general Eanes também, muita gente fala sobre aquilo que é o sistema de corrupção em Portugal”, declarou.
A antiga PGR adiantou que “não disse nada de novo que não tivessem já ouvido”.
“De uma forma mais elaborada, a senhora ministra também já falou sobre o mesmo. Não é nada de novo, já foi dito 500 vezes por muita gente. A análise que eu faço decorre dos dados que estão em cima da mesa. Não há dados sobre se a corrupção aumentou ou não, pessoalmente até admito que não tenha aumentado, só que neste momento é mais conhecida”, disse.
Atualmente, acrescentou, “o número de casos que vêm a lume é maior, porque há mais condições de divulgação, o cidadão não tolera, há muito mais denúncias e havendo muito mais denúncias há muito mais processos, mas isso não significa que haja mais corrupção”.
Joana Marques Vidal destacou que hoje “as regras são mais claras e mais seguidas do que eram antigamente”, acrescentando que lhe “faltam também estudos científicos e académicos sobre a corrupção”.
“Mas não tenho nada a ideia de que tenha sido superior”, vincou.
“Vim agora fazer estas intervenções de uma forma mais intensiva por considerar que a alteração do Ministério Público e as propostas que foram efetuadas – não é a proposta do governo, porque com essa na generalidade concordo – outras propostas poderiam por em causa a autonomia e ao pôr em causa a autonomia punha em causa aquilo que eu defendo para a estrutura do Estado de Direito Democrático”, disse, lembrando que não tinha feito intervenções públicas desde que saiu da PGR.
“Foi isso que me levou a vir publicamente ter uma visível participação na discussão pública. Nada mais do que isso”, concluiu.
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