Numa mensagem de pesar enviada à agência Lusa, a presidente da Fundação Gulbenkian descreveu João Cutileiro como "um grande escultor e homem de cultura que marcou profundamente o panorama artístico português".

O artista estava internado num hospital de Lisboa com graves problemas do foro respiratório, indicou ao início da manhã de hoje, à agência Lusa, a diretora regional de cultura do Alentejo, Ana Paula Amendoeira.

Na mensagem, Isabel Mota recorda ainda a relação "de toda a vida" de João Cutileiro com a fundação, como um dos primeiros bolseiros da instituição ainda na década de 1950, e que participou na primeira Exposição de Artes Plásticas da Gulbenkian, em 1957.

A presidente da fundação recorda ainda que, como bolseiro, em Londres, no departamento de escultura da Slade School of Fine Art, trabalhou com o conceituado escultor inglês Reg Butler, "tendo acumulado uma vasta experiência no trabalho que o tornaria muito conhecido em Portugal”, na escultura diretamente na pedra, com rebarbadoras elétricas.

Cutileiro regressou a Portugal em 1970, "imprimindo um cunho muito próprio à sua criação artística, que se tornou influente e marcou os meios artísticos nacionais", lembra, apontando também a grande exposição antológica que a Gulbenkian lhe dedicou em 1990.

Em 2018, várias das suas obras estiveram em destaque na exposição "Pós-Pop. Fora do Lugar-comum", realizada na fundação, na sequência da qual o artista e a sua mulher, Margarida Lagarto, doaram um conjunto de nove obras à Gulbenkian.

Cutileiro está representado na coleção do Centro de Arte Moderna da Gulbenkian com 33 obras, entre escultura e desenho.

São-lhe também devidos em Portugal os primeiros simpósios de escultura em pedra, com a vinda de escultores de nível internacional, hoje presentes na coleção da Gulbenkian, como o japonês Minoru Nizuma ou o húngaro Szekely.

João Cutileiro, nascido em 1937, em Lisboa, viveu e trabalhou em Évora desde 1985.

Frequentou os ateliês de António Pedro, Jorge Barradas e António Duarte de 1946 a 1950, tendo feito a sua primeira exposição individual (“Tentativas Plásticas”) em 1951, com 14 anos, em Reguengos de Monsaraz, onde apresentou esculturas, pinturas, aguarelas e cerâmicas.

Cutileiro foi condecorado com a Ordem de Sant’Iago da Espada, Grau de Oficial, em agosto de 1983, e recebeu o Doutoramento Honoris Causa pela Universidade de Évora e pela Universidade Nova de Lisboa, este último, concedido em 2017.

Em 2018, quando João Cutileiro recebeu a Medalha de Mérito Cultural, numa cerimónia no Museu de Évora, foi formalizado o anterior compromisso de doação do espólio do escultor ao Estado português, em 2016, e assinado um protocolo que envolveu o Ministério da Cultura, o município e a Universidade de Évora.

Porque o seu tempo é precioso.

Subscreva a newsletter do SAPO 24.

Porque as notícias não escolhem hora.

Ative as notificações do SAPO 24.

Saiba sempre do que se fala.

Siga o SAPO 24 nas redes sociais. Use a #SAPO24 nas suas publicações.