João Ferreira criticou a visão do atual executivo municipal na requalificação da zona ribeirinha, que considerou limitar-se à função contemplativa da paisagem, quando, na sua perspetiva, a relação da cidade com o rio tem de ir além da contemplação “e envolver o uso do rio também para atividades económicas, sociais, culturais, recreativas e para o desporto náutico, com respeito pela minimização dos impactos ambientais”.
O candidato defendeu desde logo que o terminal de cruzeiros foi concebido “de uma forma errada, apontando a um turismo massificado, que trouxe a Lisboa um volume de cruzeiros exagerado” e, consequentemente, níveis de poluição “que se repercutem na qualidade de vida na cidade e na saúde das populações”.
“Do nosso ponto de vista é necessário uma reconfiguração profunda do terminal de cruzeiros, que envolva uma restrição quanto aos navios que ali possam estar e permanecer, limitando essa permanência aos navios que no estacionamento usem energia elétrica”, defendeu, salientando que “não se trata de desmantelar um investimento que foi caro e que ali está, trata-se de o reconfigurar”.
João Ferreira começou a viagem de barco na doca de Pedrouços e acabou na Marina do Parque das Nações, que continua num limbo, sem que Governo ou Câmara se responsabilizem pela sua dinamização e sem uma estratégia para o futuro após o fim do atual contrato de concessão, em 2026.
O início da viagem na Doca de Pedrouços não foi por acaso, sublinhou o candidato, lamentando que nesta doca tenha sido encerrado há alguns anos “aquele que era o único porto de pesca de Lisboa e do estuário” e, com ele, “desmantelada a Escola de Pesca e do comércio que durante anos formou muitos profissionais desta área”.
“Com isso quebrou-se a relação que a cidade tinha com a atividade da pesca e Lisboa e o estuário do Tejo deixaram de ter um único porto de pesca digno desse nome”, salientou, defendendo “a necessidade de reativar este porto de pesca” e as atividades associadas, “nomeadamente de formação e até alguma atividade de construção e reparação naval que Lisboa sempre teve e que foi perdendo”.
João Ferreira destacou ainda que devem ser preservadas as atividades económicas ligadas ao Porto de Lisboa, defendendo que “a câmara municipal deve, em conjunto com o Governo, equacionar a necessidade de um investimento” para a sua modernização.
Por outro lado, criticou os “apetites imobiliários vorazes” que convergem para a frente ribeirinha, defendendo que, para a CDU, ela “deve ser colocada a salvo da especulação imobiliária”.
“De entre as várias funções que temos de admitir ao longo desta imensa frente pode caber a função habitacional, alguma reabilitação, mas deve estar no eixo dessas a preocupação com a habitação acessível”, mas sem ”uma apropriação cada vez mais exclusiva e cada vez mais seletiva, cada vez mais elitista, da frente ribeirinha”, disse.
O rio, sublinhou, desempenha uma função essencial de mobilidade entre as duas margens, o que atribui ao transporte fluvial “uma importância e uma centralidade que ele não tem tido ao longo dos anos de desinvestimento nas frotas” e da degradação das condições de funcionamento da Transtejo e da Soflusa.
João Ferreira não esqueceu “o esforço de despoluição do Tejo” para que existam nos 19 quilómetros de frente ribeirinha “espaços com alguma função balnear” e as dimensões do recreio e da prática de desportos náuticos.
Considerando que a Câmara até tem agora sob a sua responsabilidade as escolas, “pode e deve dinamizar uma vertente do desporto escolar” que envolva os alunos lisboetas na prática dos desportos náuticos, “de forma até a democratizar a prática deste tipo de desportos”, realçou.
Concorrem também à Câmara de Lisboa no domingo o atual presidente, Fernando Medina (PS/Livre), Carlos Moedas (PSD/CDS-PP/PPM/MPT/Aliança), Beatriz Gomes Dias (BE), Manuela Gonzaga (PAN), Bruno Horta Soares (IL), Tiago Matos Gomes (Volt Portugal), Nuno Graciano (Chega), João Patrocínio (Ergue-te), Bruno Fialho (PDR), Sofia Afonso Ferreira (Nós, Cidadãos!) e Ossanda Liber (movimento Somos Todos Lisboa).
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