"Guarde por favor este chat para o caso de perder este telefone". Foi este o teor de uma mensagem enviada por João Rendeiro a Isabel Tavares, jornalista do SAPO24, a 23 de abril. O chat em causa encaminhava para uma conversa encriptada, parte em zulu, parte em inglês. As comunicações em causa vão ser entregues à Polícia Judiciária para que possa apurar o contexto em que tiveram lugar.
Nas comunicações mais recentes, João Rendeiro mostrava-se simultaneamente esperançado e frustrado. A 22 de abril, numa das mensagens, partilhou a sua indignação com a atuação da justiça em relação à sua mulher, que está em prisão domiciliária. "O que estão a fazer à Maria é de uma extrema cobardia ", escreveu. "Sinto que a minha luta é pelos dois, quando foi só por mim tomarei a decisão certa". "E qual seria a decisão certa?", questionou Isabel Tavares, tendo como resposta "só eu posso saber, sorry".
Mas, quatro dias depois desta conversa, partilhava que existiam "estórias engraçadas" na prisão e que esperava um dia poder contá-las.
"Por aqui à espera da audiência do bail [pedido de fiança]. Creio que saberemos em breve. Doutro lado contingências da cadeia, algumas "estórias" mais ou menos engraçadas que espero um dia poder contar", escreveu a 26 de abril.
"Muitas vezes as conversas eram interrompidas, ou porque faltava a luz ou porque havia uma rusga. Temos de pensar que estava numa prisão de alta segurança", refere Isabel Tavares.
João Rendeiro não queria ser extraditado e acreditava que a justiça sul-africana iria decidir que aguardasse a decisão em liberdade. "A extradição é um processo que demora 7 a 10 anos. Algo que aí ainda não se percebeu. A minha prisão está ligada à extradição, nada mais. Se tiver liberdade (bail) poderei fazer uma vida normal nos próximos 7 a 10 anos mesmo que o processo de extradição vá tendo vencimento. Nada disto foi percebido ainda aí".
A situação em que a mulher se encontrava era, segundo Isabel Tavares, o que mais preocupava o ex-banqueiro, nomeadamente as condições em que estava a viver desde que o banco passou a reter a reforma de cerca de 800 euros na totalidade, informando que para resolver teria de se deslocar a um balcão, o que não era possível por estar em prisão domiciliária.
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