O livro tem provisoriamente o título “Você não pode silenciar isso” e deverá ser lançado em 2021, anunciou hoje a editora norte-americana Henry Holt and Company.
Num comunicado divulgado pela editora, Greenwald disse que o Brasil “está num ponto de decisão entre continuar como uma democracia liberal ou regressar ao seu passado ditatorial recente, sob o seu novo Presidente, Jair Bolsonaro”.
“Escrevi este livro para contar a história de como fizemos as nossas exposições e o que aconteceu connosco como resultado, mas também como um aviso sobre os perigos graves que essa grande democracia [do Brasil] enfrenta”, acrescentou.
No ano passado, o The Intercept Brasil, ‘site’ de jornalismo investigativo fundado por Greenwald, publicou excertos de conversas envolvendo o ministro da Justiça brasileiro, Sergio Moro, que mostravam que dava orientações aos procuradores da Operação Lava Jato, que investiga o maior escândalo de corrupção no Brasil, enquanto era juiz responsável por analisar os processos do caso em primeira instância.
Estas denúncias deram origem a uma série de reportagens que ficaram conhecidas como escândalo da ‘Vaza Jato’.
A Lava Jato levou à prisão de vários executivos e políticos por acusações de corrupção, incluindo o ex-Presidente brasileiro Luiz Inácio Lula da Silva.
O chefe de Estado brasileiro, Jair Bolsonaro, sugeriu que Greenwald deveria ser preso e, em janeiro, os promotores acusaram Greenwald de envolvimento no roubo de telefones de autoridades brasileiras.
A ameaça de ação legal foi condenada em todo o mundo e um juiz no Brasil negou provimento às acusações.
“Greenwald conta a história completa neste relato cheio de ação e de alto risco de como ele deu as notícias, as consequências das suas reportagens e as consequências contínuas para o Governo Bolsonaro, para o Brasil e para o mundo democrático”, frisou o comunicado da Henry Holt and Company.
Greenwald, um norte-americano que vive no Brasil, ficou conhecido anteriormente por usar documentos vazados pelo ex-contratado pela Agência de Segurança Nacional (NSA) Edward Snowden para revelar um programa de vigilância maciça de cidadãos e autoridades mantido pelos Governos dos Estados Unidos e Reino Unido.
A série e reportagens de Greenwald para o The Guardian sobre a NSA ajudou o jornal a vencer um Prémio Pulitzer em 2014. Um documentário sobre Snowden chamado “Citizen Four” ganhou um Óscar em 2015.
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