A sondagem, realizada pelo instituto Sigma Conseil, indica que Kais Saied, de 66 anos, venceu confortavelmente o industrial liberal Ayachi Zammel, que obteve apenas 6,9% dos votos, e o antigo deputado pan-árabe de esquerda Zouhair Maghzaoui, que ficou em último lugar com 3,9%.
As eleições presidenciais no pais registaram, porém, uma baixa taxa de participação, de 27,7%, contra 45% em 2019, segudo dados oficiais.
A participação nas eleições tinha sido de 14,16% até às 13:00 (mesma hora em Lisboa), em linha com o descontentamento popular já mostrado nos atos eleitorais anteriores do país.
Em 2019, a participação nas presidenciais ficou-se pelos 48,9% na primeira volta e pelos 55% na segunda volta. Os números foram ainda piores no ano passado, quando apenas 11,66% dos nove milhões de eleitores tunisinos foram às urnas nas eleições locais.
Saied atribuiu a baixa taxa de participação nas eleições para as autarquias à “rejeição” por parte da população do funcionamento do anterior parlamento, cujas competências o presidente assumiu em 2021, decisão qualificada pelos seus críticos como um exemplo clássico de deriva autoritária.
Saied, que nas eleições de 2019 venceu a segunda volta com 72,7% dos votos — tendo os restantes 27,3% sido recolhidos pelo magnata Nabil Karui, que permaneceu preso durante a maior parte da campanha eleitoral -, tem liderado, desde 2021, uma campanha de repressão crescente, pondo em causa a representatividade das eleições.
O presidente enfrentava dois candidatos de pouco peso: Zuhair Magzhausi, líder do Movimento Popular (Echaab) — que lidera desde 2013 após o assassinato do então chefe do partido, Mohamed Brahmi, uma das principais referências da esquerda tunisina — e Ayachi Zamel, líder do partido liberal Azimun, que esteve detido durante toda a campanha eleitoral.
O país, considerado um dos poucos exemplos de sucesso democrático após a eclosão da ‘Primavera Árabe’, em 2011, sofreu durante os últimos cinco anos um retrocesso nos direitos e liberdades.
Esse retrocesso foi atribuído ao presidente, o que levou os seus críticos a fazer comparações entre o atual chefe de Estado e Zine el Abidine ben Ali, que governou o país entre 1987 e 2011, e cujo longo mandato terminou precisamente com aquela revolução.
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