Kaylea Titford, com 1.45 metros de altura e 146 kg de peso, tinha um Índice de Massa Corporal de 70 quando morreu, com apenas 16 anos. Foi encontrada num estado de deterioração, em outubro de 2020, no Reino Unido, onde morreu por complicações decorrentes da sua obesidade. Alun Titford, o pai de Kaylea, foi considerado culpado de homicídio por negligência grosseira. Sarah Lloyd-Jones, a mãe de Kaylea, já se tinha declarado culpada da mesma acusação.
Quando Kaylea foi encontrada, estava num nível de deterioração física e de obesidade extrema. A acusação considerou que se tratou de uma grave violação dos deveres parentais, e de um caso de negligência grosseira, adiantou o The Guardian.
O júri ouviu depoimentos dos paramédicos e polícias chamados à casa da família na manhã de outubro. Katie Griepher, paramédica, descreveu o cenário como "sujo e desleixado". Havia embalagens de McDonald's, "batatas fritas e refrigerantes e outra comida de plástico". Gareth Wyn-Evans foi o primeiro paramédico a chegar ao local e descreveu o cheiro vindo das pernas de Kaylea, como "um cheiro que nunca tinha sentido antes".
Por sua vez, Liam Donovan disse que foi a única vez que pensou que ia ficar "fisicamente doente" nos seus 14 anos de carreira de polícia, revelou o The Guardian. As restantes declarações enfatizaram graficamente o estado de deterioração em que Kaylea foi encontrada.
Kaylea sofria de espinha bífida, uma anomalia congénita do sistema nervoso que se desenvolve no período de gestação. De acordo com os dados do Centro de Controlo e Prevenção de Doenças (Centers for Disease Control and Prevention), um em cada 2,758 bebés nascem com espinha bífida nos Estados Unidos. A menina sofria ainda de hidrocefalia, doença também conhecida por "água no cérebro".
Os consecutivos isolamentos por causa da Covid-19 são apontados como causa do estado de deterioração de Kaylea, que nesse período ficou isolada e afastada da escola. Incapaz de usar as pernas, ela "usava uma cadeira de rodas para se mudar e para praticar desporto" na escola. Quem trabalhou com ela descreve-a como "ferozmente independente" e uma menina "adorável" e "engraçada e faladora", tendo também "um grande sentido de humor".
De acordo com o jornal britânico, "acredita-se que esta seja a primeira vez no Reino Unido que os pais foram processados por homicídio culposo por não controlar o peso dos filhos, mas houve alguns processos semelhantes nos EUA". Marlene Corrigan, por exemplo, foi considerada culpada da morte da filha de 13 anos, com 300 kg, em 1997.
*Pesquisa e texto pela jornalista estagiária Raquel Almeida. Edição pela jornalista Alexandra Antunes.
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