Numa nota distribuída no parlamento é referido que Jorge Seguro Sanches tomou a decisão de “renunciar à presidência da Comissão Parlamentar de Inquérito à Tutela Política da Gestão da TAP”.

Ontem, Jorge Seguro Sanches já tinha deixado esta possibilidade em cima da mesa, afirmando ontem que:"O que eu sinto, com exceção dos senhores deputados que tiveram a amabilidade de partilhar comigo a confiança, não tive nos outros, os consensos necessários para o bom trabalho da comissão, a forma como foi questionado, de uma forma até deselegante, o meu papel no cumprimento do mandato da comissão, leva-me a questionar se continuo a ter as melhores condições para o fazer e entendo que essa reflexão que urge fazer".

Hoje, o PS já anunciou uqe vai indicar ao Presidente da Assembleia da República o deputado Lacerda Sales: "O Grupo Parlamentar do PS vai indicar ao Senhor Presidente da Assembleia da República o nome do Senhor Deputado António Lacerda Sales para presidir à Comissão Parlamentar de Inquérito à Tutela Política da Gestão da TAP, agradecendo desde já o sentido de serviço e de missão com que aceitou este desafio que agora lhe é proposto", refere o PS em nota.

António Lacerda Sales chegou à Comissão Parlamentar de Inquérito à TAP em abril, dois meses depois do arranque dos trabalhos, para substituir Carlos Pereira, o deputado que coordenava os socialistas na iniciativa parlamentar.

A saída de Jorge Seguro Sanches durante a audição de ontem, onde foi ouvido Humberto Pedrosa, antigo acionista e administrador da companhia aérea, deu-se até antes de Pedrosa responder às perguntas dos deputados.

Antes, a discussão entre o então presidente e os deputados centrou-se na grelha de tempo. As primeiras seis audições tiveram uma grelha “normal”, na qual os deputados tiveram nove e oito minutos para fazer perguntas, e as restantes tiveram uma grelha reduzida, com três minutos. Os deputados ressalvaram a importância das personalidades ouvidas esta semana, e pediram uma grelha mais longa: “Esta grelha não serve, as grelhas devem ser mais alargadas. É imprudente, inadequado”, defendeu Paulo Moniz (PSD).

Na mesma linha, Mariana Mortágua (BE) manifestou o desagrado por esta e as próximas audições terem grelha curta e disse que os três minutos não chegam para todas as perguntas que quer colocar a Humberto Pedrosa na primeira ronda. Bruno Dias do PCP manifestou “estupefação e incredibilidade” e afirmou não se recordar de rondas de apenas três minutos para perguntas em outras comissões de inquérito. Apenas o PS concordou com a grelha curta para a maioria das audições. Bruno Aragão (PS) lembrou que das 28 audições já realizadas, só seis tiveram uma grelha longa.

Antes de abandonar, Seguro Sanches lembrou, que a ordem de trabalho das audições foi distribuída a 4 de maio e questiona: “Havia tempo para chamar atenção, há sempre tantos requerimentos. Porque não houve requerimentos?” Reafirma que não lhe parece que alterar uma grelha de tempo que já foi comunicada aos depoentes dignifique os trabalhos da AR.

Para Seguro Sanches, face às perguntas que têm sido colocadas, algumas até "deselegantes, tenho de equacionar se tenho condições para continuar a presidir à comissão de inquérito à TAP", referiu, levantando-se e abandonando a sala para surpresa dos presentes, indicando contudo que estará presente na reunião da comissão de coordenadores marcada para esta noite para discutir este tema. A conduzir os trabalhos ficou o vice-presidente Paulo Rios de Oliviera, do PSD.

Atualizado 17h20

 *Com Lusa.