Em declarações à agência Lusa, o também deputado do PS reagiu às palavras de Pedro Adão e Silva numa entrevista à TSF e ao Jornal de Notícias, hoje divulgada, em que o ministro considerou ter havido deputados a agir como “procuradores do cinema americano da série B da década de 80” na comissão de inquérito à TAP.

“Isto parece-me uma falta de respeito pelo trabalho dos senhores deputados, da comissão e do próprio parlamento. Relembro que o Governo responde ao parlamento. Nenhum político está isento de respeitar as instituições, por maioria de razão o parlamento, especialmente os ministros”, reagiu Lacerda Sales.

O presidente da comissão de inquérito à TAP sublinhou que os deputados fizeram um “esforço de muitas horas e de muitos dias”.

“Mais de 187 horas de trabalho, mais de 40 audições, muitos requerimentos e muita documentação. [Foram] muitas horas de trabalho dos senhores deputados, não só nas audições, mas em trabalho de retaguarda para poderem consultar documentação”, afirmou.

Lacerda Sales referiu que, enquanto presidente da comissão de inquérito à TAP, lhe cabe defender a “comissão e a instituição parlamento” e disse aguardar que “o senhor ministro se retrate destas declarações”.

Lacerda Sales disse admitir que “todos tenham momentos menos felizes” e considerou que “este foi o caso do senhor ministro da Cultura”.

Na entrevista à TSF e ao Jornal de Notícias, Pedro Adão e Silva referiu que se está a assistir a uma “degradação do ambiente político” que não é “independente de coisas como aquelas que se passaram” na comissão parlamentar de inquérito à TAP.

“A transformação das inquirições em noites sem paragem, sem saber se se falou ao telefone às 10:00 ou às 10:05, se foi antes ou depois, em que os deputados são uma espécie de procuradores do cinema americano de série B da década de 80, e em que depois tudo isto é prolongado naquele género de comentário, como se comenta os ‘reality shows’, nos canais noticiosos à noite – se isso não contribui igualmente para a degradação das imagens e da democracia? A minha resposta é que contribui”, afirmou.

O governante ressalvou que “as comissões parlamentares de inquérito têm um papel muito importante de valorização até da atividade parlamentar”, mas acrescentou que “há comportamentos e lógicas de funcionamento” dessas comissões que são “degradantes da função política”.

“Se nós achamos normal algumas das coisas que se passaram, acho que estamos a laborar num enorme equívoco”, sustentou.