Os projetos foram apresentado publicamente esta tarde, numa cerimónia presida pelo ministro do Ambiente e da Ação Climática, João Matos Fernandes, e resulta de uma parceria entre o Grupo Dourogás e as Águas do Tejo Atlântico, empresa do grupo Águas de Portugal responsável pela gestão e exploração do sistema multimunicipal de saneamento de águas residuais da Grande Lisboa e zona Oeste.
Segundo foi explicado pelos responsáveis, em causa estão dois projetos, designados por “Hidrogasmove” e Solargasmove”, que recorrem a “tecnologia pioneira em Portugal para produzir biometano 100% renovável, a partir de biogás gerado pelas lamas produzidas na Fábrica de Água de Frielas, no concelho de Loures.
O projeto “Hidrogasmove recorre à purificação do biogás das lamas da ETAR e o Solargasmove aposta no processo de metanação para produzir metano sintético, combinando-o com hidrogénio verde (produzido por eletrólise, a partir de fonte solar e de águas residuais), podendo ser utilizado, por exemplo, no abastecimento de veículos.
A concretização destes dois projetos, que estarão em funcionamento a partir de julho de 2022, representa um investimento de 3,6 milhões de euros, sendo que parte desse valor é financiado ao abrigo do Fundo de Apoio à Inovação.
No final da cerimónia, em declarações aos jornalistas, o ministro do Ambiente e da Ação Climática, João Matos Fernandes, destacou a importância deste projeto que, segundo o governante, demonstra que “é um erro” pensar que os resíduos que são produzidos, por exemplo a partir do tratamento dos esgotos, “perdem o valor”.
“Os esgotos que tratamos são afinal relevantes para poder ter um conjunto de utilizações, como para regar a relva, lavar ruas, para regar, mas mais do isso. A matéria orgânica numa ETAR liberta biogás. Esse biogás pode substituir o gás natural e ser utilizado para esse fim”, apontou.
A título exemplificativo, João Matos Fernandes perspetivou que metade da frota da Carris possa ser abastecida a partir do biogás que será gerado na ETAR de Frielas a partir de julho de 2022.
No mesmo sentido, o presidente da Dourogás, Nuno Moreira, destacou à agência Lusa o caráter inovador deste projeto, explicando que a sua implementação vai permitir retirar uma rentabilidade de mais de 90% contra os 20/30% atuais.
“É um projeto que vai fazer a limpeza do biogás aqui produzido para ser utilizado em veículos, injetado nas redes, utilizada das casas, nas empresas. Temos também uma componente de hidrogénio e uso do Co2 do biogás para produzir combustíveis sintéticos. É um avanço muito significativo para a utilização deste biogás”, sublinhou.
Nesta cerimónia participaram também o secretário de Estado Adjunto e da Energia, João Galamba, a secretária de Estado do Ambiente, Inês dos Santos Costa, e o presidente da Câmara Municipal de Loures, Ricardo Leão.
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