Estas posições de Francisco Assis, cujo mandato como presidente do Conselho Económico de Social (CES) irá cessar devido à dissolução da Assembleia da República, foram transmitidas numa entrevista à RTP3, durante a qual também se insurgiu contra a “demonização do Bloco Central” por parte de algumas correntes políticas portuguesas.
Interrogado se manterá a recusa de se candidatar a deputado pelo PS nas próximas eleições legislativas, tal como fez em 2019, o ex-eurodeputado socialista alegou que agora a situação é, do seu ponto de vista, “felizmente, completamente diferente do que era há dois anos”.
“Portanto, já não tenho razões de fundo para me autoexcluir de uma participação na vida política em representação do PS. Daí a dizer que eu vou ser candidato [a deputado] ou vou deixar de ser, vai um longuíssimo caminho, e sobre isso não me pronuncio neste momento. Só queria dizer isto para deixar claro, de facto, que a situação é diferente do que era há dois anos”, declarou.
Neste ponto, Francisco Assis disse que não vive obcecado com o seu regresso às listas de candidatos a deputados do PS.
“A única coisa que posso dizer com toda a verdade é o seguinte: Há dois anos, fui convidado para integrar as listas de candidatos a deputados do PS, tinha saído do Parlamento Europeu, e disse rotundamente não. Havia razões inultrapassáveis que me impediam de participar numa lista do PS e fazer campanha pelo PS”, justificou.
Na entrevista, o atual presidente do CES defendeu que em Portugal “é fundamental recuperar a capacidade de diálogo ao centro” e rejeitou em absoluto a tese de que o diálogo de regime entre PS e PSD tenha como consequência inevitável um crescimento dos extremos políticos.
Pelo contrário, segundo Francisco Assis, verifica-se que em sociedades que têm tido mais problemas há uma radicalização absoluta do debate político, casos dos Estados Unidos da América e do Brasil.
Já os países que respondem melhor, no entender do antigo líder parlamentar socialista, “são os países que não cederam a esse radicalismo”, como Alemanha, onde, apesar da governação conjunta de democratas-cristãos e sociais-democratas, os extremos políticos não cresceram nas recentes eleições gerais.
Partindo do dado referente à vitórias dos sociais-democratas germânicos nas últimas eleições alemãs, depois de terem feito parte de governos liderados por democratas-cristãos nos últimos oito anos, Francisco Assis contestou que a colaboração ao centro leve à derrocada eleitoral do centro-esquerda e ao crescimento dos extremos.
“Segundo essas teorias que aqui são apresentadas [em Portugal], [o SPD] estaria condenado a ser completamente esmagado e assimilado. A verdade é que isso não aconteceu. Portanto, não é verdade”, argumentou.
O ex-eurodeputado referiu-se, a seguir, à situação política portuguesa: “Não estando aqui a dizer que essa é a solução mais desejável [Bloco Central PS/PSD], ela também não pode ser demonizada. A solução desejável é que haja uma capacidade de diálogo, uma disponibilidade para entendimentos de fundo entre esses dois partidos”.
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