Em declarações à Lusa, durante uma ação de campanha em Olhão, no distrito de Faro, o cabeça de lista por Lisboa nas eleições legislativas de 30 de janeiro, defendeu que deve haver um debate nacional para avançar já com o processo na próxima legislatura.

”Nós temos um país umas vezes unicéfalo, outras vezes bicéfalo, entre Lisboa e Porto, e obviamente que as regiões do interior têm sofrido com isso ou as regiões que não estão tão próximas de Lisboa e do Porto”, sublinhou.

Para o presidente do partido europeísta, quando concretizadas, as regiões administrativas vão permitir “uma maior igualdade entre as regiões e um menor centralismo”, sugerindo que se houvesse um projeto piloto, o Algarve poderia ser “a primeira região a experimentar o que é ser uma região administrativa”.

Durante a ação de campanha em Olhão, Tiago Matos Gomes percorreu as principais artérias do centro da cidade e, apesar de haver poucas pessoas na rua, a sua comitiva distribuiu folhetos e contactou com quem se encontrava nas esplanadas.

“Conhece o Volt? É um partido que existe em toda a Europa, é um partido pan-europeu”, introduzia o cabeça de lista por Lisboa na sua abordagem aos transeuntes, acompanhado pelo seu homólogo em Faro, Bruno Ferreira.

“Não podemos votar aqui”, responde um casal de franceses. “Sim, mas podem votar em França no mesmo partido”, replica Tiago Matos Gomes. Ao longo da caminhada pela cidade algarvia o cenário repete-se e a comitiva encontra não só com franceses, como italianos.

“Eu não voto aqui, sou italiano”, diz um homem com cerca de 60 anos sentado numa esplanada virada para a Ria Formosa. “Vocês são da esquerda socialista?”, pergunta.

“Não, somos um partido do centro. E também pode votar no Volt em Itália”, diz um dos membros da comitiva do Volt Portugal. Ao que o homem responde: “Eu sou de Direita”.

Questionado pela Lusa sobre o modelo administrativo a adotar num futuro processo de regionalização, Tiago Matos Gomes disse defender a escolha de um modelo que respeite a vontade das populações e não separe comunidades locais, permitindo manter as suas tradições e identidade.

“Não me parece, e isto é uma opinião pessoal, que as atuais Comissões de Coordenação e Desenvolvimento Regional (CCDR), que dividem, por exemplo, o Ribatejo em duas regiões (…) não me parece nada um bom modelo [para a criação de regiões administrativas]”, argumentou.

Reiterando tratar-se da sua opinião, já que a questão não foi ainda debatida no partido, Tiago Matos Gomes considera como ideal um modelo que crie as regiões Norte, correspondente à região do Douro, Centro, correspondente à região das Beiras, Ribatejo e Oeste, Área Metropolitana de Lisboa, Alentejo e Algarve.

O presidente do partido e cabeça-de-lista por Lisboa esteve este fim de semana no distrito de Faro, acompanhado do cabeça-de-lista por Faro às eleições de 30 de janeiro, Bruno Ferreira, e passou pelos concelhos de Portimão, Faro e Olhão.

Em dezembro passado, o primeiro-ministro disse no congresso da Associação Nacional de Municípios Portugueses que em 2024 será dada “voz ao povo” sobre a regionalização, depois de no final de 2023 se avaliar o caminho feito em matéria de descentralização de competências.

António Costa (PS) adiantou que, nessa ocasião, haverá ainda condições para avaliar a capacidade de integração nas comissões de coordenação e desenvolvimento regional (CCDR) dos diferentes órgãos de administração desconcentrados do Estado.

No dia seguinte, no mesmo local, o Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, mostrou-se favorável à realização do referendo à regionalização em 2024 e exortou os partidos a colocarem as suas ideias sobre o processo à discussão nas eleições legislativas do dia 30.

No referendo sobre regionalização realizado em 1998, dos 4,1 milhões de votantes — num universo de 8,6 milhões de eleitores -, 63,52% disseram “não” à pergunta “Concorda com a instituição em concreto das regiões administrativas?”.

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