Pelas 15:00, o grupo concentrou-se junto ao Largo Camões, em Lisboa, empunhando cartazes e gritando palavras de ordem como: “Basta de corrupção”.
“Fomos burlados com informação falsa dentro do Banco [Espírito Santo], porque os gerentes aproveitaram-se da confiança que nós depositávamos neles. Disseram-nos que havia uma provisão [para nos reembolsarem] e utilizaram-na para pagar a institucionais”, disse à Lusa o porta-voz do grupo de lesados do Novo Banco, lesados do papel comercial e lesados emigrantes, António Silva.
De acordo com o responsável, os lesados têm tentado contactar com o Novo Banco que, por sua vez, descarta responsabilidades.
“O Banco de Portugal criou uma entidade de ponte, o Novo Banco, passando todo o dinheiro que estava garantido para essa instituição e as responsabilidades, paciência. O Novo Banco tem de responder e assumir responsabilidades, tal como está a fazer em Espanha”, acrescentou.
O porta-voz garante que os lesados recusam a solução encontrada, que prevê o pagamento de 75% das aplicações até 500 mil euros e de 50% para valores acima de 500 mil euros.
“Se fossemos nós a dever, o banco também exigia que a totalidade da dívida fosse paga ou então ia penhorar os nossos bens”, notou.
António Silva garante que as manifestações vão continuar, destacando que o objetivo do grupo passa ainda por chegar ao Parlamento Europeu.
“Temos previsto para o dia 09 de março um protesto junto à sede do PS e da CMVM [em Lisboa]. Estamos a pensar num protesto junto ao Parlamento Europeu, que ainda não tem data definida, porque primeiro temos de tratar da parte logística e obter algumas licenças”, concluiu.
Aos lesados do papel comercial juntou-se o grupo “Os Inconformados”, que se solidarizou com o protesto.
“Não há dia nenhum em que não apareçam casos de corrupção em qualquer fação da nossa sociedade. […] Portugal não tem capacidade para aguentar mais. O dinheiro que está a ser canalizado para onde não deve é, efetivamente, necessário”, disse à Lusa, Patrícia Manguinhas, uma das responsáveis do grupo.
A representante lamentou ainda que, apesar do convite direcionado a todos os partidos políticos, apenas estivessem representados no protesto de hoje o PNR e o PURP.
“Não têm dado resposta às nossas reivindicações. Enviámos a informação para todos os partidos constitucionalmente registados e temos apenas o PNR e o PURP presentes. Tivemos ainda a resposta do PAN, que nos disse que não tinha pessoas disponíveis”, indicou.
O BES, tal como era conhecido, acabou em 03 de agosto de 2014, quatro dias depois de apresentar um prejuízo semestral histórico de 3,6 mil milhões de euros.
O Banco de Portugal, através de uma medida de resolução, tomou conta da instituição fundada pela família Espírito Santo e anunciou a sua separação, ficando os ativos e passivos de qualidade num ‘banco bom’, denominado Novo Banco, e os passivos e ativos tóxicos no BES, o ‘banco mau’ (‘bad bank’), sem licença bancária.
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