“Neste momento, temos cerca de 25 mil doentes que, em diferentes programas a nível nacional, vão às farmácias buscar a sua medicação do hospital, mas há um potencial de cerca de 200 mil pessoas que ainda continuam a ir ao hospital só para ir buscar a sua medicação”, adiantou à Lusa o presidente executivo da ADIFA.
Em causa está o regime criado pelo anterior Governo de dispensa de medicamentos em proximidade, cujo diploma foi promulgado pelo Presidente da República no final de 2023, e que prevê que os utentes possam escolher o local onde pretendem levantar a sua medicação, que pode ser numa farmácia ou num hospital mais próximo da residência.
Criado para evitar deslocações ao hospital apenas com o propósito de obter a medicação, na maioria dos casos para doenças crónica, os encargos da dispensa de medicamentos em proximidade são da responsabilidade das unidades que seguem os doentes, não havendo qualquer pagamento por parte dos utentes.
“Temos aqui um potencial muito grande para implementar um serviço, em conjunto com os hospitais e farmácias, que permita trazer serviços em proximidade à comunidade”, salientou o presidente executivo desta associação que representa os distribuidores de medicamentos responsáveis por 94% da quota de mercado no país.
Nuno Flora defendeu que, ao nível da saúde, é necessário “cada vez mais investir em serviços de proximidade”, o que permitiria “descongestionar o próprio Serviço Nacional de Saúde”, contribuindo para que os hospitais fiquem reservados à prestação de cuidados diferenciados.
Como exemplo desta política de proximidade apontou o caso da última campanha de vacinação contra a gripe e a covid-19, que decorreu nos centros de saúde e nas farmácias de todo o país.
“É um excelente exemplo de como, aproveitando a capacidade instalada na comunidade, nos serviços de saúde que estão próximas da comunidade, conseguiu-se aumentar muito o acesso e, neste caso, as coberturas vacinais” da população, salientou o presidente executivo da ADIFA.
Nuno Flora alertou que a dispensa de medicamento em proximidade “ainda não está totalmente implementada” em Portugal, manifestando-se convicto que, a partir de janeiro de 2025, será possível “começar a aproveitar todo o potencial” desta medida.
Segundo referiu, a distribuição farmacêutica já adquiriu experiência nessa matéria, apontando o caso da pandemia de covid-19, altura em que “mais de 200 mil doentes, durante cerca de um ano, receberam a sua medicação na farmácia”, evitando deslocações aos hospitais.
“A distribuição farmacêutica conseguiu fazer essa distribuição em todo o país”, garantiu Nuno Flora, para quem o setor tem a “capacidade instalada para corresponder à plenitude daquilo que o Ministério da Saúde tem como potencial, que é cerca de 200 mil pessoas”.
Já sobre o Plano de Emergência e Transformação da Saúde que está a ser implementado pelo Governo, o presidente executivo da ADIFA considerou que “ficou um pouco aquém” na área específica do medicamento, mas reconheceu que os “maiores problemas da saúde não estão no medicamento, mas sim no acesso e na prestação de cuidados” aos utentes.
A nova equipa do Ministério da Saúde, liderada por Ana Paula Martins, antiga bastonária da Ordem dos Farmacêuticos, tem demonstrado “abertura e capacidade de diálogo com os agentes do setor”, referiu também o presidente executivo da ADIFA.
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