Segundo o jornal norte-americano The New York Times, a medida, que deverá ser anunciada pelo Governo de Donald Trump, pode afetar até 3.000 estudantes e pesquisadores chineses que estão a completar cursos nos Estados Unidos, mas que têm vínculos diretos a universidades afiliadas ao Exército de Libertação Popular.
Em comentários à cadeia televisiva Fox News, o secretário de Estado norte-americano, Mike Pompeo, defendeu que os referidos estudantes "não devem estar [nos Estados Unidos] para missões de espionagem".
"Como ex-diretor da CIA, levo a sério a ameaça da espionagem no nosso país", acrescentou.
Mike Pompeo disse ter a "certeza" que Trump vai resolver a questão.
"Os norte-americanos devem saber que o Partido Comunista Chinês criou uma enorme influência nos Estados Unidos", afirmou.
De acordo com o Institute for International Education (IIE), associação norte-americana que promove o intercâmbio internacional no ensino, há 370.000 estudantes chineses a frequentar universidades nos Estados Unidos, ou um terço do total de alunos estrangeiros no país.
As duas nações travam já uma prolonga guerra comercial e tecnológica e disputam a influência no leste da Ásia, numa altura em que analistas preveem uma nova Guerra Fria entre Pequim e Washington.
Segundo o The New York Times, as autoridades norte-americanas que defendem a expulsão dos estudantes consideram que os laços com as forças armadas chinesas nas respetivas instituições de ensino na China são muito mais profundas do que o mero recrutamento no ‘campus'.
Em vez disso, em muitos casos, o Governo chinês desempenha um papel na seleção dos estudantes que podem estudar no exterior e, em alguns casos, os estudantes que têm permissão para estudar fora devem coletar informações como condição para assegurar uma bolsa de estudo, aponta o jornal, que cita um funcionário norte-americano.
O Exército Popular de Libertação tem vínculos com instituições militares e escolas de pesquisa de Defesa, bem como com outras sete universidades chinesas, algumas entre as mais prestigiadas no país.
Donald Trump tem hoje previsto realizar uma conferência de imprensa sobre a China.
"Vamos anunciar decisões sobre a China", disse Trump, assegurando que o seu Governo não está "feliz" com o país asiático.
Mike Pompeo disse ainda esta semana que Hong Kong não desfruta mais da autonomia prometida por Pequim e que, portanto, não pode continuar a desfrutar de políticas preferenciais no comércio com os EUA.
A China aprovou na quinta-feira uma lei de segurança nacional que reforça o controlo político sobre a região semiautónoma, abalada por protestos há quase um ano.
No mesmo dia, o Congresso dos Estados Unidos aprovou uma lei para punir as autoridades chinesas acusadas de "internamento em massa" de membros da minoria chinesa de origem muçulmana uigur.
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