“Decidi ir a Gaza com outros líderes irmãos palestinianos”, declarou o presidente do movimento Fatah perante os deputados turcos que o aplaudiram de pé.

“Eu irei. Mesmo que isso me custe a vida. A nossa vida não vale mais do que a de uma criança. Vitória ou martírio”, declarou, especificando que depois visitará Jerusalém, que descreveu como a “capital eterna” dos palestinianos.

“A Gaza pertence-nos e não aceitaremos nenhuma proposta que vise dividi-la”, alertou ainda a propósito da invasão israelita, iniciada há cerca de dez meses após o ataque do grupo islamita palestiniano Hamas no sul de Israel e que deixou quase 1.200 mortos.

Mahmoud Abbas, residente em Ramallah, na Cisjordânia, chegou na quarta-feira à Turquia a convite das autoridades de Ancara para discursar perante o parlamento, numa resposta ao recente discurso do primeiro-ministro israelita, Benjamin Netanyahu, no Congresso norte-americano.

O Presidente turco, Recep Tayyip Erdogan, critica veementemente a conduta de Israel na guerra desencadeada pelos ataques do Hamas em 7 de outubro.

“Venho perante vós com uma mensagem do meu povo que está a sofrer um imenso desastre”, disse Abbas perante os deputados turcos e um retrato do líder político do Hamas assassinado em Teerão, Ismail Haniyeh.

As palavras de Abbas surgem no dia em que as autoridades locais da Faixa de Gaza, controladas pelo Hamas, anunciaram que a ofensiva israelita já matou mais de 40 mil pessoas, na maioria civis.

Este número foi classificado como um “marco sombrio para todo o mundo”, segundo o alto-comissário da ONU para os Direitos Humanos, Volker Turk, que criticou “falhas recorrentes das Forças de Defesa de Israel no cumprimento das regras da guerra”.

Também hoje foram retomadas negociações indiretas para uma trégua na Faixa de Gaza, a pedido dos mediadores — Egito, Qatar e Estados Unidos -, mas sem contar com a participação do Hamas, que se retirou das conversações no seguimento do assassínio de Haniyeh em 31 de julho.